sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Aécio: ‘Não é retomada’. Campos critica ‘mediocridade’

Para presidenciáveis, expansão foi insuficiente, ainda que melhor do que as projeções

Júnia Gama, Maria Lima, Cristiane Jungblut e Letícia Lins - O Globo
 
 A divulgação do resultado do PIB de 2013 serviu de mote para críticas da oposição no Congresso e dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco. O tucano destacou, por meio de nota, que o crescimento do PIB brasileiro é o menor entre os países emergentes e que a recuperação em relação ao período anterior não significa retomada no crescimento da economia.

“Apesar de um desempenho geral um pouco melhor do que o projetado pelos analistas, o comportamento do PIB nacional medido pelo IBGE não representa uma efetiva recuperação ou retomada do crescimento da economia brasileira e continua sendo, no acumulado dos últimos três anos, o menor entre as principais economias emergentes", diz a nota de Aécio.

Por sua vez, Campos disse que o Brasil precisa “parar de festejar a mediocridade” e de “pensar pequeno”. Ele criticou as tentativas do governo de explicar o resultado do PIB:

— Não adianta vir com o velho truque de selecionar outros países mal das pernas e dizer que estão piores do que nós. O povo brasileiro merece coisa melhor — disse. — O Brasil não precisa de governantes dedicados unicamente a explicar porque estamos mal.

No Congresso, o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira, classificou o resultado de medíocre.
— É um PIB medíocre. Nós continuamos na rabeira do crescimento da América Latina. Só a Venezuela, que é um caos completo, cresceu menos que o Brasil. Para uma presidente que anunciou um pibão, o que temos é um pibinho medíocre.

Gleisi contesta ‘pessimistas de plantão’

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, retrucou, fazendo coro com a presidente Dilma Rousseff.

— A despeito do que muitos queriam, inclusive contrariando as previsões pessimistas, nosso Produto Interno Bruto apresentou um resultado que surpreendeu a muitos. Surpreendeu o mercado ou parte dele, porque cresceu além daquilo que os pessimistas de plantão estavam prevendo (…) Nós nos ressentimos quando há uma vontade de que as coisas deem errado, quando a crítica tenta fazer com que aquele resultado prospere contra os fatos que estão acontecendo.

O líder tucano aparteou para dizer que as críticas não significavam torcida contra o Brasil.
— A senhora não bateu uma radiografia da minha mente. Como Vossa Excelência sabe que eu tenho vontade de que a coisa dê errado, senadora?

— Não estou falando de Vossa Excelência. Todo mundo falava que o PIB não cresceria neste último trimestre, que seria negativo. Os mais otimistas diziam que cresceria 0,5%, todos falavam com esse viés, quase como querendo que isso acontecesse. Contra esse tipo de comportamento e de assertiva, nós temos que nos colocar e lamentar.

Para o líder do DEM no Senado, José Agripino, o resultado do PIB é uma prova de fracasso:

— Crescer 2% na média dos três últimos anos é um fato que fala por si só. O que os números traduzem é a constatação de que o governo Dilma falhou. Crescemos a metade do que cresceram Rússia, Índia, China e África do Sul. Pior que isso é o prenúncio de crescimento ainda menor para 2014. Porque o governo, prisioneiro de contingências que ele próprio se impôs, só governa com as prioridades de sua própria reeleição.

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), classificou de "medíocre” a política econômica e disse que as medidas da equipe econômica nos últimos anos ajudaram a derrubar a credibilidade do país:

— É lamentável que o mundo esteja crescendo a 3% e toda vez que o Brasil entra na conta é para puxar a média para baixo. O governo corroeu todos os fundamentos econômicos de anos de política responsável.

Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), o crescimento é sofrível.
— Qual é a fotografia do governo Dilma? Pibinhos, inflação acima da meta, juros com aumentos sucessivos, contas externas deterioradas, credibilidade em baixa em virtude do excesso de intervenção e do não cumprimento de metas. Além disso, há o desmonte do patrimônio público, cujo principal retrato é a Petrobras, e o enfraquecimento da indústria — disse Imbassahy.