sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

BNDES tem perda de R$ 2,6 bi em ações. Dilma 'trambique' não vai deixar pedra sobre pedra

 

  • Parte da carteira do banco teve forte queda em valor de mercado no ano passado
 
Henrique Gomes Batista - O Globo
 
O BNDES informou nesta sexta-feira que fechou 2013 com uma perda total de R$ 2,6 bilhões em alguns de seus investimentos. Trata-se das ações que estão na carteira no banco, disponíveis para venda, e que sofreram “um declínio significativo ou prolongado de seu valor”. Por isso, contabilmente, o banco registra essa perda no valor das ações. Até 2012, essa perda contábil era de apenas R$ 484 milhões.

Estes valores não entraram efetivamente nos resultados do banco — que nesta sexta anunciou lucro de R$ 8,150 bilhões em 2013. O BNDES não informa de que empresas são essas ações.
Carlos Frederico, chefe de contabilidade do BNDES, afirmou que parte desta perda, contudo, pode ser revertida no futuro, uma vez que o banco não se desfez destes ativos, que podem se recuperar.

Mas o próprio banco admite que isto é pouco provável.

— São ativos e investimentos com valor de mercado descolados há muito tempo dos valores previstos, o que faz o banco lançar esta perda, mas isso só entra no resultado quando vendemos estas operações — afirmou Frederico, lembrando, contudo, que em 2013, no conjunto, a carteira do BNDESPar se valorizou, mesmo em um ano difícil para as empresas listadas em Bolsa.

O mau momento das empresas em 2013 também se refletiu no lucro do banco. O resultado do BNDESPar no ano passado foi de R$ 1,712 bilhão, 10% a menos que o R$ 1,91 bilhão de 2012. O dado positivo do resultado do banco foi a inadimplência, que teve recorde de baixa, de apenas 0,01%.

O lucro de 2013 foi ampliado pelo resultado de R$ 1,538 bilhão do Finame, fundo que destina recursos à máquinas e equipamentos.

O lucro do banco em 2013 ficou perto do resultado de 2012, de R$ 8,126 bilhões. Porém, o lucro de 2012 foi inflado em R$ 2,38 bilhões por uma regra contábil que permitiu ao BNDES não corrigir o valor de 25% de suas ações classificadas como “disponíveis” em anos de grande volatilidade na Bolsa.