quarta-feira, 30 de abril de 2014

Cristina Kirchner, a Dilma ´trambique` argentina, acusada na Justiça de esconder pobreza

Janaína Figueiredo - O Globo

 
  • Denúncia foi feita por congressistas e dirigentes coalizão de oposição
  • Na semana passada, o Indec, o IBGE argentino, suspendeu, sem dar explicações, a divulgação dos dados de pobreza do segundo semestre de 2013
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Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Congresso em Buenos Aires Foto: MARCOS BRINDICCI / REUTERS
Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Congresso em Buenos Aires MARCOS BRINDICCI / REUTERS


BUENOS AIRES - Congressistas e dirigentes da opositora Frente Ampla UNEN, uma nova coalizão de centro-esquerda argentina, denunciaram nesta quarta-feira a presidente Cristina Kirchner e o ministro da Economia do país, Axel Kicillof, na Justiça pelo “desaparecimento social dos argentinos que vivem na pobreza, através da não publicação das estatísticas (de pobreza) do Indec (o IBGE local)”.

Na semana passada, o Indec suspendeu, sem dar explicações, a divulgação dos dados de pobreza do segundo semestre de 2013. Segundo informações publicadas pela imprensa local, o organismo oficial estima que existem apenas 1,6 milhão de pobres, bem abaixo dos entre 13 e 14,5 milhões calculados por economistas privados.

Cristina e Kicillof foram acusados de não terem cumprido seus deveres como funcionários públicos. O caso está em mãos do juiz Sebastián Casanello e do promotor Gerardo Di Massi. Os dirigentes opositores mencionaram a violação dos artigos 248 e 249 do Código Penal argentino, pela omissão, manipulação e demora na publicação das estatísticas sobre pobreza.

No documento entregue à Justiça, os integrantes da frente opositora afirmaram que “nunca antes havia ocorrido uma situação como esta, de não publicar um índice desta importância, que é realizado em forma periódica e se encontra estipulado dentro do calendário do organismo”.

De acordo com estimativas de universidades e centros de estudos locais, atualmente cerca de 36% dos 40 milhões de argentinos são pobres. Na opinião de ex-técnicos do Indec como Graciela Bevacqua, ex-diretora do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), “o governo pretende, literalmente, jogar milhões de pobres debaixo do tapete”.