quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eduardo Campos diz que atual política obrigará governo a fazer ‘tarifaço após eleição’

Renato Onofre - O Globo

 
  • Para pré-candidato, agências reguladoras de energia e petróleo têm de ter maior independência 
 
 
O ex-governador de Pernambuco e pré-candidato pelo PSB, Eduardo Campos e a ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva Foto: Michel Filho/ O Globo
O ex-governador de Pernambuco e pré-candidato pelo PSB, Eduardo Campos e a ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva Michel Filho/ O Globo


O pré-candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, afirmou na tarde desta quarta-feira que a atual política de controle da inflação vai obrigar o governo a fazer um “tarifaço após a eleição”. Ainda segundo Campos, as agências reguladoras de energia e petróleo têm de ter maior independência. E defendeu a independência do Banco Central.

- O controle que se estabelece da inflação real é um controle da fase pré-Real, onde se seguram os preços administrados pelo Estado, como energia e combustível, para depois da eleição. O povo brasileiro já viveu isso. Se seguram os preços e, no dia seguinte ao da eleição, vem o tarifaço, que atinge fortemente os assalariados - profetizou.

Ao lado da futura companheira de chapa, Marina Silva, o ex-governador de Pernambuco cobrou mais transparência nos dados públicos e rebateu a presidente Dilma Rousseff que, mais cedo na Bahia, condenou a oposição por “muitas vezes se pinta a realidade com cores negras para se aproveitar das circunstâncias”. Antes de responder, sua vice, Marina Silva, fez questão de reafirmar que a realidade está "meio" cinzenta.

- Na verdade nós não sabemos ainda a cor e nem o tom do cinza porque falta transparência efetiva para os números.

As vésperas do dia do Trabalho, Campos não polemizou sobre um dos principais pedidos do setor produtivo de flexibilizar as leis trabalhistas:

- Não imagino que vamos começar uma agenda para melhorar o Brasil pensando em subtrair direitos dos trabalhadores.

Campos admitiu que analisa a possibilidade de, caso eleito, dar independência jurídica ao Banco Central defendida pelo mercado financeiro. A medida não é consenso dentro da aliança PSB-Rede e até Marina Silva já declarou contrária a ideia.

- Há um consenso entre nós que o banco central do Brasil precisa de uma autonomia. E neste momento os técnicos que nos auxiliam a debater essa questão têm vários modelos que estão em debate sobre a possibilidade dessa autonomia virar uma autonomia legal como tem em outros países. Nós temos um claro consenso de que o banco central deve ter autonomia para fazer para fazer uma boa gestão da política monetária que deve ter sinergia com a política fiscal. E temos um debate que ainda não é consensual nem entre os técnicos de evoluir para uma autonomia jurídica.

A assessoria de Campos ainda confirmou nesta quarta-feira a presença dele nas comemorações do 1o de Maio da Força Sindical e na marcha convocada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) que seguirá do Largo do Arouche até o Vale do Anhangabaú.