quarta-feira, 30 de abril de 2014

Graça Foster muda espetacularmente de idéia e diz agora que Petrobras pode reverter perdas de Pasadena

Laryssa Borges - Veja

 

Presidente da Petrobras afirma em nova audiência no Congresso Nacional que o prejuízo acarretado pela transação poderá ser revertido

 
 
 
Graça Foster participa de audiência pública na Câmara dos Deputados
A presidente da Petrobras, Graça Foster, em nova audiência no Congresso: mais uma tentativa do governo de enfraquecer a futura CPI (Antonio Augusto/Câmara dos Deputados)


Em nova audiência no Congresso Nacional, a presidente da Petrobras, Graça Foster, voltou a admitir nesta quarta-feira que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, não foi um bom negócio para a petroleira brasileira, mas defendeu que o prejuízo acarretado pela transação poderá ser revertido.

"Naquele momento [de 2006 a 2008], o que a Petrobras fez foi um projeto muito razoável para o momento econômico. Foi um projeto potencialmente bom, porque havia potencial de ganho por tudo que foi desenhado naquele momento. No conjunto, se olharmos agora toda essa situação que aconteceu em Pasadena, definitivamente não foi um bom negócio no conjunto das análises", afirmou Foster em audiência na Câmara dos Deputados. "Não foi um bom negócio, mas na época era potencialmente bom", resumiu.

Foster, porém, disse que a Petrobras poderá reverter "total ou parcialmente" o prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares "com a melhora nas margens de refino, o aumento no consumo de derivados [o que depende do mercado nos Estados Unidos] e novos projetos de investimento".

Há duas semanas, ela já havia dito em audiência no Senado que a compra da refinaria "tornou-se um projeto de baixa probabilidade de retorno", embora fosse "um bom projeto no início".

Para Foster, o plano estratégico da petroleira, em 1999, previa a expansão do parque de refino no exterior e, em uma fase anterior à crise econômica mundial, a compra de Pasadena permitiria que a Petrobras passasse a agregar valor à produção de óleo pesado pela estatal brasileira. “A orientação, em 1999, e a confirmação da estratégia da Petrobras, em 2004, era que devíamos expandir a produção para fora do Brasil”, disse Foster. Atualmente o portfólio de refino no exterior da Petrobras, incluindo a refinaria de Pasadena, totaliza 230.000 barris por dia.

Aos deputados, Foster voltou a rebater o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Segundo ela, as cláusulas Marlim e Put Option, usadas na compra de Pasadena, eram “de grande relevância” para a consolidação do negócio. Cerveró foi o funcionário apontado pela presidente Dilma Rousseff como responsável pelo “parecer falho” que levou o Conselho de Administração da petroleira a avalizar a compra da refinaria. Em seu depoimento à Câmara, Cerveró disse que as duas cláusulas não era importantes.

No resumo executivo redigido por Cerveró, não havia referência a essas ressalvas. A Marlim previa à empresa belga Astra Oil uma lucratividade de 6,9% ao ano independentemente das condições de mercado, enquanto a Put Option obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria caso os dois grupos se desentendessem.

“No resumo executivo e na apresentação feita pela Área Internacional ao Conselho de Administração não constavam as duas cláusulas que imputamos de grande relevância: a Put Option, que promove a saída do parceiro, e a Marlim, que garante rentabilidade. A Put Option, ainda que bastante comum, é de absoluta relevância porque precifica a saída pelo outro”, afirmou Foster.