quinta-feira, 31 de julho de 2014

Bandalheira na base de Dilma: Bethlem confirma desistência de disputar eleições

Daniel Haidar - Veja

Deputado montou esquema de corrupção na prefeitura do Rio de Janeiro, revelado pelo site de VEJA. Ele tentava o terceiro mandato na Câmara

 
 
 
 
O prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) em 2013
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) em 2013 (Armando Paiva/Futura Press/Futura Press)


O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) confirmou em comunicado divulgado na tarde desta quinta-feira que desistiu de sua candidatura à reeleição. Líderes do partido pressionavam para que ele abandonasse a disputa. Na última sexta-feira, o site de VEJA revelou que Bethlem operava um esquema de corrupção na prefeitura – ele deixou o secretariado justamente para tentar a reeleição à Câmara. A cúpula peemedebista estava preocupada em conter estragos à campanha do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e à imagem do prefeito Eduardo Paes (PMDB).

Bethlem já tinha informado a cúpula do PMDB no Rio que divulgaria a decisão em um comunicado formal. A desistência era aguardada para quarta-feira. No texto, Bethlem diz que vai desistir das eleições para preparar sua defesa. "Diante dos recentes acontecimentos envolvendo o meu nome e pela necessidade de cuidar da minha família e preparar a minha defesa , declaro que vou encaminhar ao partido a retirada da minha candidatura para o pleito de 2014", afirmou o deputado em nota.
Bethlem era considerado homem forte de Paes na prefeitura e tinha influência também no governo do Rio.

Áudios e vídeos mostram o deputado, que já chefiou as secretarias de Ordem Pública, Assistência Social e Governo do Rio, em conversas com a ex-mulher, Vanessa Felippe, afirmando que recebe mensalmente propina da ONG Tesloo, contratada para administrar o cadastro único de programas sociais da prefeitura – usado para pagamento de programas como o Bolsa Família e o Cartão Família Carioca. "Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês", afirma o peemedebista na gravação, explicando que, do contrato, retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês.

A prefeitura instaurou uma auditoria especial para apurar irregularidades nos contratos firmados por ele. Bethlem também dizia receber outra mesada, desta vez relacionada a um contrato de fornecimento de lanches às ONGs que prestam serviço na área social do município. A prefeitura do Rio aportou dinheiro, em troca de anúncios, em uma revista inexpressiva da família de Bethlem.
Nesta eleição, Bethlem tentava o terceiro mandato como deputado federal.

Na legislatura de 2007 a 2010, chegou a assumir por menos de um mês como suplente na Câmara dos Deputados, mas permaneceu a maior parte do período licenciado como subsecretário do Governo do Rio e como secretário da Prefeitura do Rio. Entre 2011 e 2014 também ficou licenciado, com brevíssimas passagens pela Câmara, até abril, quando reassumiu a vaga no Congresso para tentar a reeleição.

Depois da revelação das irregularidades, a passagem de Bethlem pela Câmara está ameaçada. A Corregedoria vai analisar se as revelações de propina e negócios suspeitos do ex-secretário podem motivar a abertura de um processo de cassação de mandato por quebra de decoro.