quinta-feira, 31 de julho de 2014

Caloteira desvairada, Argentina vai denunciar ‘fundos abutres’ à ONU e à Corte Internacional de Haia

Chefe de gabinete do governo também diz que fracasso das negociações é responsabilidade dos Estados Unidos

 



BUENOS AIRES - O chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos pelo fracasso das negociações nos tribunais de Nova York, que levaram ao calote de parte da dívida pública. Segundo ele, a Argentina vai recorrer à Corte Internacional de Haia e à Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar os “fundos abutres”.

— A responsabilidade é de um Estado, dos Estados Unidos. É uma vergonha — afirmou um furioso Capitanich, em entrevista coletiva na Casa Rosada, sede do governo, no primeiro pronunciamento oficial depois do anúncio de que as negociações com credores em NY não haviam chegado a um acordo.

Para Capitanich, os “Estados Unidos são responsáveis por não atuarem responsavelmente” frente à polêmica aberta pela disputa entre a Argentina e os credores dos bônus do calote de 2001, entre eles o fundo NML e o Aurelius. Segundo ele, o objetivo ao recorrer à ONU e ao Tribunal de Haia é debater “em caráter internacional” uma normatização a atuação dos “abutres”:

— A comunidade internacional não pode endossar sua atuação (desses fundos).
O principal alvo da fúria do chefe de gabinete foram os Estados Unidos, ao qual questionou até pelos conflitos armados em vários países no mundo.

— Que podemos esperar do líder mundial que nem sequer pode intervir em guerras, quando matam pessoas. Não importa a eles a vida, não importa nada — criticou Capitanich. — Os Estados Unidos são responsáveis por não atuarem responsavelmente. E não venham com a desculpa de que o Pode Judiciário é independente, porque não é. Não é independente dos fundos abutres, esse grupo minúsculo que pretende minar o pagamento da dívida — enfatizou ele, que também repetiu várias vezes que “a estratégia da Argentina foi consistente para recuperar a soberania”.

Ele sustentou que a posição do país “sempre foi clara e convincente” e criticou aqueles que prenunciam “o desastre, a recessão, o desemprego e a pobreza”.

Capitanich insistiu ainda que o país não está em default e que os detentores de títulos da reestruturação, ou seja, que aceitaram negociar a receber menos pelos papéis após o calote de 2001, devem pedir que o dinheiro depositado em no Bank of New York Mellon seja desbloqueado pelo juiz. O montante de US$ 539 milhões foi bloqueado por Thomas Griesa em 30 de junho. O chefe de gabinete disse que o mediador nomeado por Griesa, Daniel Pollack, é incompetente.