terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Depois de 12 anos de roubalheira, Petrobras veta contratos com 23 investigadas. Tentativa desesperada de limpar a barra da dupla Lula-Dilma

Bruno Rosa - O Globo

Em comunicado ao mercado, estatal anuncia bloqueio de contratações futuras para “resguardar a companhia”

Em reunião de diretoria, a Petrobras decidiu proibir novos contratos com 23 empresas que estão envolvidas na Operação Lava-Jato. Na lista, estão algumas das maiores construtoras do país, como Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, UTC, Mendes Junior, entre outras. Elas estão proibidas de participar de licitações futuras da companhia.

Esta proibição não tem prazo de validade. O comunicado não trata dos contratos em vigor. Porém, em entrevista recente, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que as obras em andamento a cargos destas empresas não serão impactadas.


Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais, às 22h desta segunda-feira, a estatal informou ainda que constituiu a "Comissões para Análise de Aplicação de Sanção". 

Segundo uma fonte da Petrobras, dependendo do resultado das análises, cada empresa poderá ser punida de forma diferente, sendo proibida, por exemplo, de participar de licitações durante um certo período ou, em caso mais grave, ser banida da lista de fornecedores.

A estatal disse que o objetivo das medidas visa "resguardar a companhia e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à sua imagem". A Petrobras informou ainda que vai notificar as empresas do bloqueio e "respeitará o direito ao contraditório e à ampla defesa".

Na semana passada, Graça Foster cobrou do governo uma posição em relação às empresas citadas no esquema. Preocupada com contratos futuros, ela disse que, sem uma solução para os novos contratos, a estatal teria que fazer licitações internacionais.

No documento, a Petrobras explicou que o "bloqueio cautelar" inclui as empresas cujos grupos econômicos formavam um cartel para dividir os contratos da estatal. E essa lista foi feita com base nas delações premiadas dos envolvidos no esquema de corrupção.

Segundo a Petrobras, foram considerados os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef prestados em outubro na Justiça Federal do Paraná. Foram analisados ainda os testemunhos de Julio Gerin de Almeida Camargo (do Grupo Toyo) e de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (do Grupo Setal).

Segundo a estatal, a constituição das comissões e o bloqueio cautelar levam em conta a sétima fase da Lava-Jato, deflagrada em 14 de dezembro, quando foram presas 25 pessoas, entre elas o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e executivos da OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Engevix.

Nesta segunda-feira, a Petrobras informou que os escritórios de investigação contratados por ela (o Trench, Rossi e Watanabe Advogados e Gibson; e o Dunn & Crutcher LLP) identificaram sinais de que o esquema também atingiu a Petros, o fundo de pensão da estatal, e, por isso, a instituição também será alvo da apuração interna feita pela estatal.