terça-feira, 30 de dezembro de 2014

"Pepe, a incógnita", por Ilimar Franco

O Globo




Os deputados da principal tendência do PT, a CNB, criticam o novo ministro das Relações Institucionais. Alegam que Pepe Vargas não tem experiência, não tem estofo nem lastro. Os aliados lembram-se, e se queixam, da gestão de Pepe no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ele distribuiu, pelos municípios do país, 18 mil equipamentos agrícolas, e os deputados não eram chamados para a festa.
PT x aliados
O PT já perdeu espaço na reforma do Ministério. A maior perda foi a pasta da Educação, o segundo maior orçamento (R$ 42,2 bilhões este ano), para o governador Cid Gomes (CE). Os petistas devem ter novas baixas no segundo escalão e, para reduzir o dano, preparam-se para esta nova etapa da luta pelo poder. Eles vão tentar salvar todos os lugares que estão em suas mãos. A tarefa não será fácil. O partido saiu menor do que era das eleições. O novo mandato da presidente Dilma vai começar fragilizado, do ponto de vista político (escândalo Petrobras) e administrativo (ajuste fiscal). Os aliados, ciosos de sua importância, querem desalojar os petistas de onde puderem.
Vai continuar o ‘Maneca’ (Manoel Dias). Tirá-lo agora seria incoerente de nossa parte. Nossa queixa é que o ministério (Trabalho) está esvaziado” 

Carlos Lupi 
Presidente do PDT, sobre a pasta comandada pela sigla
Contra a maré
A Contag, que congrega os trabalhadores rurais, está fazendo um alerta a seus sindicatos sobre as novas dificuldades nos próximos quatro anos. Além da ministra Kátia Abreu (Agricultura), a bancada ruralista terá 255 parlamentares.
Virando o jogo
Petistas massacrados na eleição interna do PT pela CNB estão exultantes com o novo Ministério da presidente Dilma. Ele não reflete a correlação de forças interna. E creem que terá relevância na próxima disputa interna, em 2017. Fortalecida, a Mensagem tem como seus principais líderes o ministro José Eduardo Cardozo e o governador Tarso Genro.
O pontapé inicial
Os petistas estão apreensivos. O ajuste fiscal, bandeira do novo ministro Joaquim Levy (Fazenda), começou em cima dos trabalhadores. A economia será de R$ 18 bi, com mudanças no abono salarial, no seguro-desemprego e na pensão por morte.
Os freios na oposição 
A oposição tem no papel 159 deputados. Seu núcleo duro, no entanto, os que estão dispostos a fazer oposição radical, é formado por 85 e são das bancadas do PSDB, do DEM e do PPS. Mas há um bloco de 74 deputados, integrado por PSB, PSC, Solidariedade, PV e PSOL, que, a exemplo da bancada governista, não dirá amém a tudo.
Volta por cima
Os que lutavam para derrubar o ministro Aldo Rebelo do Esporte não contavam com sua transferência para Ciência e Tecnologia. Os amigos ironizam, pois ele saiu de uma pasta com orçamento de R$ 1,6 bi para uma de R$ 6,8 bi.
A vida como ela é
Indiciado pela PF no caso do cartel dos trens, o presidente da CPTM, Mário Bandeira, é mantido pelo governador Geraldo Alckmin. Enquanto isso, os tucanos vociferam pedindo a demissão da presidente da Petrobras, Graça Foster.
O ex-ministro Moreira Franco (Aviação Civil) está cotado para retornar para a presidência da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB.