quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

“Quem critica o governo aqui é arrancado e agredido!” E quem troca “vai pra Cuba” por “vagabunda” é atendido!

Com Blog Felipe Moura Brasil - Veja




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Comentei em tempo real no Twitter e no Facebook o tumulto ocorrido no Congresso Nacional nesta terça-feira, 2. Mas também é preciso registrar em vídeo aqui no blog este episódio emblemático da aversão dos governistas à lei; à democracia; à divergência, à liberdade de expressão; ao povo independente.
Entenda antes o caso: a presidente Dilma Rousseff (PT) gastou demais e descumpriu a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o que é um crime de responsabilidade já consumado. Sua solução, à moda petista, foi mandar para votação no Congresso um projeto que torna legal o que é ilegal, alterando a LDO para maquiar o descumprimento do superávit primário. Mas a votação nem chegou a ter início. Enquanto cerca de trinta manifestantes tentavam, sem sucesso, chegar à galeria do plenário, oposicionistas como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) pediam no microfone da casa que o presidente do Congresso, Renan Calheiros, permitisse a entrada do grupo, mas ele negava. Já os manifestantes que haviam conseguido entrar protestavam contra o PT (“ÔÔÔÔÔ / O PT ROUBOU!”) e vaiavam parlamentares governistas.
Ao dizer cinicamente que Dilma agiu com responsabilidade, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) recebeu um enorme UUUUUUUUHHHHHH dos manifestantes, alguns dos quais gritaram “Vai pra Cuba!”, ironizando o notório apoio do partido comunista à ditadura dos irmãos Castro. A deputada Jandira Feghali pediu então evacuação das galerias, alegando que sua colega de partido fora chamada de… “vagabunda”! Isso mesmo: “Vai pra Cuba” virou “vagabunda” na Tecla Sap da Jandira, e Renan mandou a Polícia Legislativa expulsar os manifestantes, suspendendo a sessão por cinco minutos.
Assista ao vídeo do cartão vermelho ao povo:
Como comentei no Facebook:
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Em seguida, líderes da oposição, como os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Fernando Francischini (SD-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) foram até as galerias para tentar impedir a ação dos agentes de polícia. Ganharam também o reforço de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Pastor Eurico (PSB-PE), Bruno Marchezan (PSDB-RS) e Izalci (PSDB-DF). Um senador, Ataídes Oliveira (PROS-TO), também foi até o local.
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Tumulto 2
Durante a tentativa de esvaziar o espaço destinado ao público, a Polícia Legislativa utilizou uma arma taser no punho de um jovem chamado Alexandre, que, em vídeo publicado no Facebook de Caiado, disse ter apagado com o choque elétrico.
Taser
Até uma idosa foi imobilizada por um segurança.
Senhora agredida Congresso
No momento mais acalorado, também houve várias discussões em plenário – a mais séria, entre Amauri Teixeira (PT-BA) e Domingos Sávio (PSDB-MG). O petista chamou o tucano de “moleque”, com o dedo em riste. A julgar pelo depoimento que Domingos daria depois à TV Câmara sobre o tumulto geral, não posso negar que Teixeira tenha alguma razão involuntária:
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Depois de mais de uma hora de sessão paralisada, bate-boca, troca de empurrões, manifestantes cantando o hino nacional e fazendo coro de “Vai pra Cuba! Vai pra Cuba!”, Renan Calheiros desistiu: cancelou os trabalhos, culpou “os 26 assalariados” que foram às galerias e convocou nova sessão para as 10 horas desta quarta (3). Sabe como é: militantes do PT podem ocupar as galerias há décadas, mas manifestantes anti-PT (moradores de Brasília e outros vindos de São Paulo) são logo expulsos, acusados de receber dinheiro da oposição – e, segundo Jandira, de não representar ninguém. Como se não representassem 51 milhões de eleitores que votaram contra Dilma. Como se dezenas de milhares não tivessem saído às ruas em três sábados de protestos pelo Brasil em novembro. Em lugar do partido, a linha auxiliar do petismo segue fielmente a recomendação atribuída a Lenin: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz.” (‘Vagabunda’ é a ‘democracia’ petista, ‘eçelença’!)
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que, no fim de semana, finalmente disse ter perdido a eleição para uma “organização criminosa”, afirmou que a acusação de pagamento à suposta militância “é uma bobagem, é mais um equívoco. A população brasileira acordou. As pessoas estão participando do que está acontecendo no Brasil. E algumas querem vir [ao Congresso]. Nós vamos fechar as galerias?” Nós, não. Eles, sim. 
De lá mesmo, Ronaldo Caiado gravou outro vídeo publicado em seu Facebook, no qual resumiu o episódio com precisão: “Nunca assisti a algo parecido. Uma verdadeira agressão às pessoas que aqui estavam. Só porque criticaram o PT. Esse Congresso Nacional está tentando virar o quê? O Congresso da Venezuela? Todo mundo tem que aplaudir Dilma? Quem critica o governo aqui é arrancado e agredido! Quero convocar todos os brasileiros para comparecer amanhã (quarta) ao Congresso Nacional. Vamos cercar essa casa e dizer que, enquanto não prevalecer a democracia aqui, nós não vamos deixar esse PLS 36 ser votado.”
Mas o quê?, diria Jandira. GLS é viado?