domingo, 8 de fevereiro de 2015

Carlos Brickmann: A escolha do novo presidente da Petrobras mostra que Dilma não perde a oportunidade de errar


(Fotos: Luis Ushirobira/Valor/Folhapress :: Nacho Doce/Reuters)
Entra Bendine no lugar de Graça Foster: Dilma sempre consegue piorar o que já não estava bom (Fotos: Luis Ushirobira/Valor/Folhapress :: Nacho Doce/Reuters)
Carlos BrickmannNotas da coluna de Carlos Brickmann publicadas neste domingo em diversos jornais
Dilma Rousseff não perde a oportunidade de perder oportunidades. Com o tesoureiro de seu partido, o PT, na linha de tiro da Operação Lava-Jato, acusado de embolsar 200 milhões de dólares em propinas, Dilma teve a chance de mudar o foco do mau noticiário com a escolha do novo presidente da Petrobras.
Até conseguiu mudar um pouco o foco: agora, dividindo as más notícias a respeito do financiamento de campanhas de seu partido, sofre com as críticas gerais a seu escolhido.
De certa forma, Aldemir Bendine é o nome ideal para a Petrobras.
Já chega sob suspeitas e punições diversas, o que poupa trabalho dos investigadores. Há seis meses foi multado pela Receita Federal por não comprovar a origem de 280 mil reais que surgiram em seu patrimônio. Nunca explicou por que, embora sendo presidente de banco, preferiu comprar um apartamento de 150 mil reais declarados em dinheiro vivo.
Foi acusado por seu antigo motorista, Sebastião Ferreira, de receber de alguns empresários e entregar a outros sacolas de dinheiro. E a pimenta malagueta em cima do bolo: o Banco do Brasil emprestou 2,7 milhões de reais a juros subsidiados a Val Marchiori, garota do programa Mulheres Ricas, vindos do BNDES – destinada, pois, como definem os estatutos da instituição “ao desenvolvimento econômico e social”.
Nada mais justo: Val, amiga de Bendine, a ponto de, por coincidência, ter-se hospedado no mesmo hotel que ele, na mesma época, em Buenos Aires e no Rio, já aparece em colunas sociais; e sua economia se desenvolveu muito bem nos últimos tempos. Bendine também é disciplinado, fiel cumpridor de ordens.
Alguns o chamariam de obediente. Ousados!
Ame-a ou deixe-a
A nomeação de Bendine revela um fato importante: o governo não conseguiu atrair para o comando da principal empresa do país, de atuação e reconhecimento internacionais, nenhum nome de primeira linha.
Nem o PMDB quis indicar alguém para o posto.
E o mandato de Dilma está apenas se iniciando, com a perspectiva de mais quatro anos de caneta cheia para nomeações e bondades.
Anos dourados
Voltou o tempo em que o café mandava no Brasil. A Petrobras foi cafetinada.