sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Defesa apela a funcionários para tentar eximir cúpula da Camargo Corrêa

Laryssa Borges - Veja



Empregados da empreiteira foram ouvidos nesta sexta para dar fôlego à estratégia dos advogados de esvaziar a denúncia contra executivos


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O procurador Delton Martinazzo Dallagnol durante entrevista coletiva no hotel Mabu, no centro em Curitiba para falar sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato
O procurador Delton Martinazzo Dallagnol durante entrevista coletiva no hotel Mabu, no centro em Curitiba para falar sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato  - Juca Varella/Folhapress
Na tentativa de desqualificar as acusações de que o presidente da construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini, e de que o presidente do Conselho de Administração da empresa, João Auler, participavam ativamente do Clube do Bilhão, o cartel de empreiteiras que fraudava contratos com a Petrobras e distribuía propina a agentes públicos, as defesas dos executivos da construtora colheram nesta sexta-feira cinco depoimentos de técnicos da companhia. Em comum, ouviram informações de que a alta cúpula da empresa não ditava regras em obras, não assinava contratos para projetos com a Petrobras e não tinha ingerência direta em qualquer procedimento hoje alvo da Operação Lava Jato.

“[O presidente do Conselho de Administração] Não tem contato com obras. O conselheiro não pode assinar qualquer documento, não faz representação legal individualmente”, disse a gerente societária da Camargo Correa, Alessandra Mendes da Silva, corroborando a linha de defesa de que os executivos não lidavam diretamente com as obras.
“Creio que ele [Dalton Avancini] não tem ingerência sobre as obras e não perde oportunidade de me cobrar resultados”, disse Eduardo Maghidman, diretor operacional da empresa. “A distância entre o presidente e uma obra é grande e ele não tem uma ingerência direta ou participação direta nos projetos, a não ser de cobrança de resultado”, completou o também diretor operacional Jorge Arnaldo Cury Yazbec.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, porém, para garantir que pudessem monopolizar as grandes obras de infraestrutura, a Camargo Correa e as demais empreiteiras destinavam uma porcentagem de cada contrato com a Petrobras para o pagamento de propina. Segundo os investigadores, os dirigentes da Camargo Correa teriam destinado pelo menos 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, então comandada por Paulo Roberto Costa. “Em relação aos agentes da Camargo Corrêa, há diversas razões especificadas na denúncia para a imputação, como o depoimentos dos colaboradores, o envolvimento deles na celebração dos contratos fraudulentos, o fato de figurarem em comunicações eletrônicas com o grupo dirigido por Alberto Youssef ou o próprio resultado da busca e apreensão”, resumiu o juiz Sergio Moro ao aceitar denúncia contra os executivos da companhia.
Avancini ainda assinou os contratos das obras nas quais as fraudes foram constatadas, além de ter celebrado contrato fraudulento com a empresa de Paulo Roberto Costa, a Costa Global, para dissimular o pagamento de propina.