terça-feira, 31 de março de 2015

PF inclui Petrobras e partido PP em investigação sobre fraude fiscal

Natuza Nery e Gabriel Mascarenhas - Folha de São Paulo


Folha obteve a lista com mais de 70 nomes, entre pessoas e empresas, que estão sendo investigados na Operação Zelotes, que apura um esquema de corrupção no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), na semana passada.

No esquema, segundo a polícia, haveria negociação para reduzir e, em alguns casos, zerar, débitos com a Receita Federal. Apenas os processos sob investigação somam R$ 19 bilhões.

Em 12 dos processos, a Polícia Federal vê indícios mais fortes de que companhias tenham participado do esquema.

Nos outros, a polícia está investigando as corporações, mas as evidências de irregularidades ainda não são tão claras.

Nessa segunda lista aparecem grandes companhias como a operadora TIM, a fabricante de aeronaves Embraer e a Petrobras. Também há companhias do mercado financeiro, como o Bank Boston e o Santander, que tem os processos com maior valor (R$ 3,34 bilhões), e partidos políticos, como o Partido Progressista.

Todas as companhias que responderam aos questionamentos da Folha sobre o assunto negaram envolvimento com o esquema –veja todas as respostas abaixo da tabela.

PROCESSOS COM MAIS INDÍCIOS
EMPRESASVALORES (em R$)
Banco Santander3,34 bilhões
Bradesco2,75 bilhões
Ford1,78 bilhão
Gerdau1,22 bilhão
Boston Negócios841,26 milhões
Safra767,56 milhões
RBS671,52 milhões
MMC - Mitsubishi505,33 milhões
Cimento Penha109,16 milhões
Café Irmãos Júlio67,99 milhões
JG Rodrigues49,41 milhões
Mundial - Zivi Cutelaria - Hércules - Eberle-
OUTROS PROCESSOS INVESTIGADOS
Banco Santander 23,34 bilhões
Huawei733,18 milhões
Camargo Correa668,77 milhões
Carlos Alberto Mansur436,84 milhões
Copesul405,69 milhões
Liderprime280,433 milhões
Avipal/Granoleo272,28 milhões
Marcopolo261,19 milhões
Banco Brascan220,80 milhões
Pandurata162,71 milhões
Coimex/MMC131,45 milhões
Via Dragados126,53 milhões
Newton Cardoso106,93 milhões
Bank Boston banco múltiplo106,51 milhões
Copersucar62,10 milhões
Petrobras53,21 milhões
Evora48,46 milhões
Boston Comercial e Participações LTDA43,61 milhões
Boston Admin. e Empreendimentos37,46 milhões
Firist31,11 milhões
Vicinvest22,41 milhões
James Marcos de Oliveira16,58 milhões
Mário Augusto Frering13,55 milhões
Embraer12,07 milhões
Dispet10,94 milhões
Partido Progressista10,74 milhões
Viação Vale do Ribeira10,63 milhões
Nardini Agroindustrial9,64 milhões
Eldorado9,36 milhões
Carmona9,13 milhões
CF Prestadora de Serviços9,09 milhões
Via Concessões3,72 milhões
Leão e Leão3,69 milhões
Copersucar 22,63 milhões
Construtora Celi2,35 milhões
Nicea Canário da Silva1,89 milhão
Banco UBS Pactual SA-
Bradesco Saúde-
BRF-
BRF Eleva-
Caenge-
Cerces-
Cervejaria Petrópolis-
CMT Engenharia-
Dama Participações-
Dascan-
Frigo-
Hidroservice-
Holdenn-
Irmãos Júlio-
Kanebo Silk-
Light-
Mineração Rio Novo-
Nacional Gás butano-
Nova Empreendimentos-
Ometo-
Refrescos Bandeirantes-
Sudestefarma/Comprofar-
TIM-
Tov-
Urubupungá-
WEG-
TOTAL19,77 bilhões

OUTRO LADO

Banco Santander: não respondeu aos questionamentos da reportagem

Bradesco: informou que não irá se manifestar

Ford: não respondeu à reportagem

Gerdau: disse que não foi contatada por nenhuma autoridade pública e que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos

Bank of America (Boston Negócios, Banco Múltiplo, Boston Comercial e Participações e Boston Administração e Empreendimentos): vendeu a operação latino-americana do BankBoston para o Itaú, mas não se pronunciou. Na operação, o Itaú ficou apenas com os clientes e as agências; o nome BankBoston, os créditos e os débitos tributários não fizeram parte do negócio

Safra: não atendeu aos pedidos de entrevista

RBS: informou que desconhece a investigação e negou qualquer ilegalidade em suas relações com a Receita Federal. A empresa acrescentou que confia na atuação das instituições responsáveis pela apuração para o devido esclarecimento dos fatos

MMC-Mitsubishi: informou que não irá se manifestar, nesse momento, em relação ao caso

Cimento Penha: não foi localizado pela reportagem

Café Irmãos Júlio: não foi localizada pela reportagem

JG Rodrigues: a empresa negou que tenha recebido facilidade ou benefício no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais

Mundial - Eberle: disse desconhecer as informações e não ter nada sobre o que se pronunciar

Huawei: "Vimos pelo presente informar que a Huawei não recebeu nenhuma solicitação das autoridades competentes sobre o assunto em questão. Informamos outrossim que, em compromisso com a transparência, a Huawei atua em conformidade com a legislação vigente na condução de suas operações no Brasil, sempre de acordo com os mais elevados padrões de ética"

Camargo Correa: afirmou desconhecer as informações

Carlos Alberto Mansur: não respondeu aos pedidos da reportagem

Copesul: foi adquirida pela Braskem em 2007. Esta afirmou que não tem nada a declarar, tendo em vista que a investigação é relativa a um período em que a Copesul não fazia parte da empresa

Liderprime: não foi encontrada empresa específica com o nome
Avipal/Granoleo: foi comprada pela Perdigão (BRF), que não respondeu às perguntas da reportagem

Marcopolo: afirmou, via assessoria de imprensa, que a empresa está em "período de flexibilização", com jornadas de trabalho reduzidas e alguns setores em férias coletivas. Por isso só terá quem responda na próxima segunda-feira (6)

Brascan: hoje Brookfield, nega que tenha sido procurada por membros da quadrilha e afirma que só teve um processo que chegou ao Carf. A decisão foi favorável tanto no Carf quanto na Justiça

Pandurata: não foi localizada

Coimex/MMC: afirmou que não vai se pronunciar sobre o tema

Via Dragados: era uma associação entre Via Engenharia S.A. e Dragados Obras y Proyectos S.A. que se desfez; A Via Engenharia não respondeu aos questionamentos da reportagem até o momento

Newton Cardoso ainda não respondeu à reportagem

Copersucar: afirmou que "desconhece o assunto mencionado"

Petrobras: não respondeu à reportagem

Evora S.A: não respondeu à reportagem

Firist: não foi encontrada empresa específica com o nome

Vicinvest: não foi localizada

James Marcos de Oliveira: ainda não respondeu à reportagem

Mário Augusto Frering: não foi localizado

Embraer: afirmou que "não tem nenhuma informação a respeito do assunto"

Dispet: não foi encontrada empresa específica com o nome

Partido Progressita (PP): ainda não respondeu

Viação Vale do Ribeira ainda não respondeu à reportagem

Nardini Agroindustrial: afirma que "desconhece qualquer processo 
investigatório, não tendo recebido qualquer intimação dos órgãos competentes para qualquer tipo de esclarecimento. A conduta da empresa sempre foi pautada por rigorosos padrões éticos com observância da legislação em vigor."
Eldorado: não foi identificada a empresa específica com esse nome
Carmona: não respondeu à reportagem

CF Prestadora de Serviços: não foi localizada

Via Concessões: não foi localizada

Leão e Leão: não respondeu à reportagem

Construtora Celi: afirma que nunca teve contato nenhum ou deu dinheiro aos conselheiros do Carf e sequer conhece os funcionários que julgavam os processos da empresa. Ressalta que os casos em questão são de mais de dez anos atrás, que já ganhou e perdeu processos no Carf, que há outros pendentes e que só recorre ao órgão quando entende que tem razão. A empresa afirma que sempre procura "manter tudo regular".

Nicea Canário da Silva: não foi localizada

Banco BTG Pactual (antigo UBS Pactual): não comenta sobre o assunto

Bradesco Saúde: não comenta sobre o assunto

BRF: não respondeu à reportagem

BRF Eleva: não respondeu à reportagem

Caenge: não foi localizada

Cerces: não foi encontrada empresa específica com o nome

Cervejaria Petrópolis: não irá se posicionar acerca do assunto

CMT Engenharia: não respondeu à reportagem

Dama Participações: não foi encontrada empresa específica com o nome

Dascan: Não foi identificada a empresa específica com esse nome

Frigo: Não foi identificada a empresa específica com esse nome

Hidroservice: A empresa afirmou não negociar qualquer tipo de pagamento para receber vantagens no Carf. Além disso, disse não ter conhecimento de nenhum processo que envolva a empresa e que tramite no órgão

Holden: Não foi identificada a empresa específica com esse nome

Irmãos Júlio: atendeu às ligações da reportagem

Kanebo Silk: disse que nunca foi procurada para qualquer procedimento junto ao Carf. Além disso, afirma repudiar qualquer informação que liga a empresa a quadrilha que atuava no órgão

Light: afirmou ter sido surpreendida pelos noticiários e informou que até o momento não foi notificada sobre tal processo

Mineiração Rio Novo: não foi encontrada para comentar a reportagem

Nacional Gás Butano: não respondeu à reportagem

Nova Empreendimentos: não foi encontrada

Ometo: não foi encontrada para comentar a reportagem

Refrescos Bandeirantes: afirmou não ter sido comunicada oficialmente sobre o caso

Sudestefarma/Comprofar: não respondeu à reportagem

TIM: afirmou que possui processos em andamento no Carf, mas refuta o uso de praticas indevidas em seus processos juntos ao órgão ou a qualquer outra instância administrativa. A TIM também se colocou à disposição para colaborar com as investigações e afirmou que irá acompanhar os desdobramentos do assunto

TOV Corretora: afirmou desconhecer os fatos e qualquer investigação, mas se colocou à disposição das autoridades

Urubupungá: não respondeu à reportagem
WEG: não respondeu à reportagem