sexta-feira, 12 de junho de 2015

Itamaraty vai liberar documentos de 'Operação Abafa' do caso Lula

Cristiane Jungblut - O Globo

Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado conversou com o ministro interino, Sérgio Danese, nesta sexta-feira


O Itamaraty vai liberar os documentos que ligariam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a empreiteira Odebrecht. A informação foi confirmada por integrante da cúpula do Itamaraty, depois de uma conversa entre o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE), senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), e o o secretário-geral de Relações Exteriores e ministro interino, Sérgio Danese. Os dois conversaram pela manhã. Segundo o tucano, Danese disse que o Itamaraty deverá anunciar agora à tarde, em nota, a liberação dos documentos. Diante da afirmação de Aloysio, uma fonte do comando do Itamaraty confirmou que sairá uma nota e que os documentos serão liberados.

O GLOBO informou nesta sexta-feira que o Ministério das Relações Exteriores deflagrou ação para evitar que documentos que envolvam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a Odebrecht, empreiteira investigada na Operação Lava-Jato, viessem a público. Um funcionário da diplomacia brasileira chegou a distribuir um memorando determinando que os papéis sobre o assunto fossem reavaliados e pudessem ser considerados secretos, de acordo com o conteúdo de cada documento.

— O Itamaraty fez uma reavaliação e concluiu que dá para liberar os documentos — disse um diplomata.

Na conversa, o secretário-geral explicou que é de praxe, de cinco em cinco anos, fazer uma revisão do caráter dos documentos, se sigilosos ou não e que foi isso que ocorrera.
O senador contou que ele informou ao secretário-geral do Itamaraty sobre a questão.


— Disse ao Danese que foi um erro político e burro, porque haveria acesso de qualquer maneira via Justiça, devido a Lei de Acesso à Informação — disse Aloysio.

O GLOBO revelou hoje que os documentos públicos classificados como "reservados" por lei deveriam ser divulgados após cinco anos, mas um memorando de Corrêa Costa sugeria a reclassificação dos papéis para "secreto", o que aumentaria para 15 anos o prazo de divulgação.