domingo, 11 de outubro de 2015

"Seleção sem craques", por Carlos Heitor Cony

Folha de São Paulo


Não sei se estou certo, geralmente não estou. O Brasil tem uma população de 200 milhões de habitantes –ou algo parecido. O lugar comum garante que somos 200 milhões de técnicos de futebol, cada patrício tem a sua seleção e sua maneira de jogar.

Sempre apreciei o técnico Dunga, inclusive como jogador do passado. Mas o time que ele colocou em campo na primeira eliminatória para a Copa de 2018 não chega nem mesmo ao estágio de uma seleção para disputar um torneio internacional. Em linhas gerais, tive a impressão de assistir a um jogo do Sampaio Correa.

Nenhuma jogada brilhante. A seleção do Chile, em alguns momentos, na precisão dos passes e no talento pessoal de alguns jogadores em certos lances, parecia o Barcelona. Ganhou do Brasil por 2 a 0 e poderia chegar aos 7 como a Alemanha na última Copa.

Não sei se a culpa deve ser atribuída exclusivamente ao técnico, mas ao próprio time que ele colocou em campo. Nenhum jogador merecedor da categoria de "craque". Na realidade, o Brasil só tem o próprio Neymar, que nem foi escalado por motivos disciplinares. Os demais podem ser bons jogadores nos clubes respectivos.

Essa indigência já foi notada por vários colunistas que entendem mais de futebol do que eu. E o pior: não creio que haja tempo para o surgimento de um ou dois craques que possam levar o Brasil nas costas.

No meio de campo, não vi nenhuma jogada brilhante ou definitiva. No ataque, faltou um artilheiro como Fred, que embora esteja longe da classificação de craque, tem pelo menos a vantagem de ter uma boa noção de gol, sendo muitas vezes o goleador do seu time e mesmo da seleção na Copa das Confederações.

Por sua vez, o Chile, embora não possa ser considerado um grande time, mostrou um conjunto disciplinado e de boa atuação técnica.