quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Duque pediu propina para PT quando Serra encostou em Dilma ´trambique`, diz delator Pedro Barusco

 JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO E MATEUS COUTINHO - O Estado de São Paulo



Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, afirmou que ex-diretor de Serviços da estatal solicitou US$ 300 mil para campanha presidencial da petista em 2010; delação faz parte da denúncia da Procuradoria da República que deflagrou a Operação Sangue Negro nesta quinta, 17

Serra e Dilma disputaram as eleições presidenciais em 2010. Fotos: Estadão
Serra e Dilma disputaram as eleições presidenciais em 2010. Fotos: Estadão
O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco afirmou em delação premiada que, em 2010, seu superior, o então diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, pediu a ele uma propina de US$ 300 mil ‘para a campanha presidencial’. Segundo Barusco, a solicitação foi feita ‘quando Serra encostou em Dilma nas pesquisas’.

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Naquele ano, Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB) disputavam a corrida para o Palácio do Planalto. “O depoente esclarece que no ano de 2010, durante a campanha presidencial, quando Serra encostou em Dilma nas pesquisas, foi solicitado por Renato Duque a intermediar o recebimento de uma contribuição de US$ 300 mil para a campanha de Dilma”, declarou Barusco em depoimento em 26 de novembro de 2014 à força-tarefa da Operação Lava Jato.
A denúncia dedica 5 páginas ao capítulo ‘Contribuição para campanha presidencial de 2010′. Pedro Barusco afirmou que ‘não necessariamente esse depósito ocorreu antes das eleições, porque na verdade o depoente não transferiu US$ 300 mil para a conta de ninguém, simplesmente passando ao PT
um crédito em propinas a receber’.
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Trechos da delação de Barusco constam da denúncia de 99 páginas do Ministério Público Federal, no Rio, contra 12 alvos da Operação Sangue Negro. A ação que investiga desvios na Petrobrás desde 1997 foi deflagrada nesta quinta-feira, 17.
Renato Duque é alvo de uma das ordens de prisão da Sangue Negro. O executivo já está preso desde março de 2015 em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Duque recebeu a mais alta pena imposta pelo juiz federal Sérgio Moro aos investigados no esquema de corrupção instalado na Petrobrás.
A Sangue Negro mira em um esquema de propinas da holandesa SBM na Petrobrás. Foram denunciados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas Pedro Barusco, Renato Duque, Paulo Roberto Buarque Carneiro (membro de Comissão de Licitação de diversos FPSOs da Petrobrás), Jorge Luiz Zelada (ex-diretor Internacional da estatal), os ex-agentes de vendas da SBM no Brasil Julio Faerman e Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, além dos executivos da SBM Robert Zubiate, Didier Keller e Tony Mace.