sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

MPF pede nova prisão preventiva do pecuarista Bumlai, comparsa de Lula



O pecuarista José Carlos Bumlai - Ailton de Freitas / Agência O Globo 01/12/2015


Cleide Carvalho e Renato Onofre - O Globo 




O Ministério Público Federal pediu à Justiça Federal nova prisão preventiva de José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Os procuradores afirmaram que foram encontradas transferências de R$ 3 milhões da empresa São Fernando Açúcar e Álcool, que recebeu financiamento do BNDES, para a Legend, empresa de fachada de Adir Assad, um dos condenados da Lava-Jato por lavagem de dinheiro. O valor é acima dos R$ 2 milhões identificados inicialmente como transferências para a Legend, que, segundo as investigações, era usada para entregar dinheiro vivo a beneficiários do esquema da Petrobras.

O juiz Sérgio Moro deve decidir nesta sexta-feira se Bumlai permanecerá ou não preso. O pecuarista está na cela da Polícia Federal desde o último dia 24, quando foi preso na 21ª fase da Operação Lava Jato.


A defesa de Bumlai pediu ao juiz juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a revogação da prisão preventiva do pecuarista, com base no depoimento dado à Polícia Federal na última segunda-feira, no qual ele confessou ter retirado empréstimo no Banco Schahin destinado ao PT, cuja quitação foi vinculada a um contrato do Grupo Schahin com a Petrobras.

"Muito embora a confissão não seja equivalente à colaboração premiada, é incontroverso que a sua presença afasta os riscos que outrora justificaram a decretação da custódia cautelar", afirmaram os advogados, lembrando que no depoimento, que durou mais de seis horas, Bumlai não só explicou os fatos onde esteve envolvido como "prestou diversas informações acerca de outros considerados suspeitos".

Moro pediu que o Ministério Público se manifestasse e os procuradores, em resposta, pediram a nova preventiva.

O depoimento foi considerado uma confissão parcial por Moro. Os procuradores, no novo pedido de preventiva, afirmam que Bumlai fez inúmeros saques de R$ 100 mil em suas contas até o fim de 2014. Um destes saques foi feito pelo policial militar Marcos Ferreira, que prestava serviços à família Bumlai. O pecuarista disse que o dinheiro seria usado para acerto de dívida de um relacionamento amoroso malsucedido. Ferreira afirmou em depoimento à Polícia Federal que sacou o dinheiro a pedido de Maurício Bumlai, filho do pecuarista, que lhe pediu para deixar dentro do carro dele, que estava estacionado numa garagem.

Nesta terça-feira, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra Bumlai e outras 10 pessoas, entre elas João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. O pecuarista responde por corrupção e gestão fraudulenta.