domingo, 20 de dezembro de 2015

PMDB e governo deflagram disputa pela presidência da Câmara

Folha de São Paulo - Painel


Guerra de Secessão A possibilidade de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara pelo STF acirrou as divisões na bancada do PMDB, que já vive clima de guerra pela disputa da liderança do partido. A batalha deve reproduzir a atual: Leonardo Picciani (RJ), que retomou o posto de líder com ajuda do Planalto, tem simpatia do governo para se candidatar. Osmar Serraglio (PR), da ala pró-impeachment e aliado do presidente da Câmara, é visto com bons olhos pelo grupo de Michel Temer.
Coluna do meio Aliados de Cunha e líderes de oposição avaliam que um nome de fora do PMDB em partidos com boa interlocução com o presidente da Casa, como PR e PSD, pode ter chances na sucessão.
Pés no chão Passada a euforia pela vitória no STF sobre o rito do impeachment, o Planalto pretende voltar a trabalhar: “Seja a regra que for, vamos precisar de votos”, diz um assessor palaciano.
Poliglota 1 Entre os itens apreendidos pela Lava Jato nos escritórios do presidente da Câmara no Rio, está um livreto em inglês sobre procedimentos para registros de empresas.
APODE2012PAINEL (2)
‌Poliglota 2 Para a Procuradoria-Geral da República, o material “evidencia o interesse de Eduardo Cunha em criar empresas no exterior”.
Próximos capítulos Aliados apostam que o peemedebista tem chances de reverter a derrota no Conselho de Ética na CCJ. Lá, ele também tem soldados fiéis, incluindo o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Arthur Lira (PP-AL), denunciado na Lava Jato.
Deixa rolar Na véspera das buscas em sua casa, Cunha ainda insistia em anular os trâmites da decisão. Após a visita da PF, decidiu deixar a votação correr para partir para o confronto na CCJ.
Ano velho O relatório das atividades do Senado em 2015, apresentado por Renan Calheiros, ganhou o sugestivo subtítulo de “o ano que mal começou e nem terminou”.
Inferno astral Enrolada na Lava jato e com uma dívida bilionária, a Odebrecht terá de lidar com uma disputa que vinha protelando há cinco anos: encerrou-se nesta semana o prazo dado pela família Gradin para que o grupo respondesse ao pedido de venda da fatia de 20% que detêm no conglomerado.
Atrás do filé Os Gradin, que não aceitaram sair da empresa em 2010, agora exigem um valor bem maior para deixar a Odebrecht.
Tudo meu Aceitam também ficar com ativos da empreiteira. Estão de olho na Odebrecht Óleo e Gás e em parte da Braskem.
Aviso prévio A Sete Brasil, criada pelo governo para ser a principal fornecedora de sondas para o pré-sal, pode sofrer novo baque. O estaleiro Jurong ameaça vender para outra empresa uma sonda que está prestes a ficar pronta. O equipamento garantiria receita para a Sete em 2016.
Desmonte Os sócios da Sete foram avisados, mas estão de mãos atadas. A Petrobras jogou para janeiro as conversas sobre a reestruturação da companhia, que deve R$ 14 bilhões a bancos. A dívida com o Jurong, que não recebe da Sete há meses, já supera US$ 300 milhões.
Sem data O governo vai fechar o ano sem ter perspectiva de data para a troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia. Os blocos ficaram de se falar no início do ano que vem. Dilma chegou a dizer que a troca ocorreria até o fim de novembro.
Recorde Sem avanço com os europeus, a presidente da República baterá um recorde: é o mais longo período sem que o Brasil tenha um novo acordo comercial em vigor desde que entrou para o Mercosul, em 1992. O bloco discute nesta segunda-feira o acordo com a União Europeia.


TIROTEIO
Perdemos a primeira partida para o Supremo, mas o jogo de volta vai ser no nosso campo. E com a torcida do nosso lado.
DO DEPUTADO PAULO PEREIRA DA SILVA (SDD-SP), sobre a definição do rito do impeachment e a eleição para a comissão especial na Câmara, em fevereiro.

CONTRAPONTO
No governo anterior, o ex-prefeito de Aparecida, chamado “Zé Loquinho”, reclamava com o governador Geraldo Alckmin que sua prefeitura estava em grave crise financeira, sem recursos para nada. E desabafou:
— Governador, troquei todos os seguranças do cemitério por cachorros. É mais barato, não tem que pagar salário nem nada — disse ele, orgulhoso.
— Passados alguns uns meses, Geraldo Alckmin reencontrou o aliado e perguntou sobre a economia local.
— Ah, governador, a crise piorou. Tive de demitir também os cachorros. Eles comiam muito! — resmungou o prefeito, sem esconder a decepção.