domingo, 31 de janeiro de 2016

Dono do grupo Schahin denunciado na Lava Jato quer passar folia em Paris

Bela Megale - Folha de São Paulo


O executivo Milton Taufic Schahin, 77, um dos donos do Grupo Schahin, alvo da Operação Lava Jato sob suspeita de ter se beneficiado do esquema de desvios da Petrobras, está preparando as malas para viajar para Paris durante o Carnaval.

Denunciado há dois meses sob acusação de crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta pela força-tarefa de procuradores que atua em Curitiba (PR), ele embarcará na próxima quinta-feira (4) com a mulher para a capital francesa, onde o casal permanecerá por oito noites.

Apesar de não haver restrições judiciais para que viaje para fora do Brasil, a defesa do executivo protocolou uma petição direcionada ao juiz Sergio Moro para comunicá-lo do paradeiro de Schahin nos dias de folia.

Somente em passagens aéreas, o casal desembolsará mais de R$ 32 mil, valor referente a dois bilhetes da classe executiva.

A hospedagem sairá um pouco mais "em conta", em torno de R$ 13 mil.

Divulgação
uarto suite elysees do hotel Franklin Roosevelt. Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Foto da suíte Elysées, do hotel Franklin Roosevelt, em Paris

O hotel quatro estrelas escolhido para a "lua de mel", o Franklin Roosevelt, fica no coração do Triangle d'Or, região nobre da capital conhecida pelos restaurantes e butiques de alta costura.

A suíte que acomodará Milton e sua mulher nos próximos dias é uma das melhores e maiores do estabelecimento, a Elysées, com generosos 55 metros quadrados.

A situação financeira do grupo Schahin, porém, está em descompasso com a vida pessoal dos donos.

Em abril do ano passado, a empresa apresentou à Justiça um pedido de recuperação judicial. O objetivo é tentar reorganizar as contas e evitar a falência.
Um dos motivos que levaram a Schahin a essa situação é que em maio de 2015 a Petrobras cancelou vários contratos com a companhia.

No entanto, o grupo conseguiu manter o que garante a operação do navio-sonda Vitória 10.000, atualmente sua principal fonte de renda.

EMPRÉSTIMO

Milton foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) juntamente com seu irmão e sócio nos negócios, Salim, e seu filho, Fernando, por irregularidades que envolveram o grupo e o Vitória 10.000.

Salim Schahin firmou em 2015 um acordo de delação homologado em novembro em que revelou que um empréstimo de R$ 12 milhões contraído pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto ao extinto Banco Schahin, em 2004, foi direcionado ao Partido dos Trabalhadores.

Segundo as investigações, o contrato para operação do navio-sonda da estatal concedido ao Grupo Schahin foi uma compensação pelo empréstimo ao PT.
Salim foi o único integrante da família a firmar um acordo de delação premiada.

Porém, a empresa pretende prosseguir as negociações com os procuradores da força-tarefa e da PGR (Procuradoria Geral da República) para assinar um acordo de leniência pelo qual consiga continuar prestando serviços ao poder público.

Além disso, há a ideia de que outros integrantes da família também firmem acordo de delação premiada para se livrar do risco de ficar atrás das grades.

Procurado pela reportagem, o advogado do grupo, Guilherme San Ruan, não quis se manifestar sobre a viagem do cliente.