segunda-feira, 23 de maio de 2016

Por que a nova fase da Lava Jato mira elo perdido do petrolão e do mensalão

Daniel Haidar - Epoca

João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP, e sócio foram presos em Brasília na 29ª fase da Lava Jato


João Carlos Genu, ex-tesoureiro do PP, é alvo de nova fase da Lava Jato (Foto: Sérgio Lima / Folhapress)
A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP, na Operação Repescagem, a 29ª fase da Lava Jato. O nome desta etapa é uma referência a Genu, considerado um dos elos entre o petrolão e do mensalão. Genu foi réu no mensalão por ter recebido R$ 1,1 milhão de propina, mas foi absolvido pelo crime de lavagem de dinheiro e foi beneficiado pela prescrição do crime de corrupção.

Genu foi assessor do ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010, e teve um papel essencial nos dois esquemas montados durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da silva.  Era Genu quem organizava parte dos pagamentos do doleiro Alberto Youssef para a turma do PP e ajudava o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, mesmo após a saída deste da Petrobras.
O ex-tesoureiro do PP foi preso em Brasília, alvo de um mandado de prisão preventiva. Lá os policiais também prenderam, por mandado de prisão temporária, Lúcio Amorim, que foi sócio de Genu e recebia propina para ele. O terceiro alvo da operação é o empresário Humberto do Amaral Carrilho, que foi procurado pela polícia em Recife, mas não foi encontrado. Humberto está no exterior e sua defesa fez um acordo para que ele se entregue em breve. Ele pagou propina a Paulo Roberto Costa e ajudou Genu a movimentar recursos no exterior, de acordo com as investigações. Os policiais também cumpriram três mandados de busca e apreensão em Brasília, Rio de Janeiro e Recife.

A atuação de Genu foi desvendada ainda no começo da Operação Lava Jato. Os policiais acharam um e-mail dele enviado ao doleiro Youssef, em que ele adotava um tom ameaçador ao reclamar da falta de recebimento de propina que julgava ter direito. Em fevereiro de 2013, disse Genu no e-mail: "O que está acontecendo? Não tenho tido sucesso nas coisas que você trata comigo. Não entendo muito bem porque sempre procurei te respeitar e considerar. Ainda quando o finado [referência a Janene, segundo a Polícia Federal] estava entre nós, a forma de aproximação era grande, o agrado era de todo jeito, se falava em amizade e tudo mais".
Não foi o único rastro de Genu nos crimes investigados na Operação Lava Jato. Eram dele as anotações encontradas com Costa em que eram detalhadas doações para o senador Lindbergh Farias (PT) na campanha de 2014. Com uma caligrafia inconfundível, Genu desenhou uma tabela, listou cada doador e a situação da cobrança.