quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Doria diz que congelará tarifa de ônibus mesmo sem ajuda federal

Daniel Carvalho - Folha de São Paulo


prefeito eleito de São Paulo, João Doria PSDB), comprometeu-se em manter a tarifa do transporte público da capital em R$ 3,80 durante todo o ano de 2017 mesmo se não houver ajuda financeira do governo federal.

Doria reuniu-se no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (25), com o presidente Michel Temer (PMDB) e assessores. O tucano pediu recursos para São Paulo, como o reembolso de R$ 400 milhões de investimentos feitos pelo município em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, principalmente na área de habitação.

"São Paulo tem mais de um milhão de pessoas esperando por habitação popular e nós temos recursos do PAC que não foram utilizados para o Minha Casa, Minha Vida", afirmou Doria.

Alan Marques/Folhapress
O prefeito eleito de São Paulo, João Dória, dá entrevsita, no Palácio do Planalto, após almoço com o presidente da República, Michel Temer
O prefeito eleito de São Paulo, João Dória, no Palácio do Planalto após almoço com o presidente

No entanto, Doria recebeu de Temer apenas uma promessa de "celeridade" na liberação desses recursos. "Ele vai conversar com os ministros das áreas com o objetivo de dar celeridade a este processo. Não houve o compromisso determinado para o mês de janeiro", disse Doria, ao deixar o encontro, que durou quase três horas.

Ainda no campo das promessas, o prefeito eleito de São Paulo disse que Temer ficou de estudar a liberação de recursos para ajudar na manutenção da tarifa do transporte público.

"Houve comprometimento de se estudar o assunto. O presidente Temer, com o ministro Padilha [Eliseu Padilha, Casa Civil] vão levar à área econômica a análise de algumas alternativas que foram discutidas previamente aqui. Acho que o governo federal vai se manifestar na hora oportuna a respeito", afirmou.

O prefeito eleito disse ter "várias alternativas" para garantir transporte a R$ 3,80 no próximo ano, mesmo sem ajuda da União. Citou apenas uma: a "redução de despesas da própria Prefeitura de São Paulo, que já faríamos de qualquer maneira, independentemente deste tema".

Doria disse que são necessários entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões para garantir o congelamento das passagens –o setor e a atual gestão falam em cerca de R$ 1 bilhão. "Vamos fazer um esforço de gestão, independentemente das soluções que hoje foram apresentadas aqui ao governo federal", afirmou Doria.

Para o prefeito eleito, a manutenção do preço é uma questão social em todo o país, já que há 12 milhões de desempregados. "Confio que o governo federal saberá olhar isso com generosidade com, sobretudo, um sentimento social para um país que vive lamentavelmente esta situação de desemprego."

CEAGESP

João Doria disse também ter tratado com Temer sobre a mudança de endereço da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), que pertence ao governo federal.

A ideia é transferir a companhia da área da marginal Pinheiros, na zona oeste, para a região de Perus, na zona norte, em um espaço de três a quatro vezes maior. A área atual seria destinada a um polo tecnológico. Segundo Doria, Temer ficou de conversar sobre o assunto com o ministro Blairo Maggi (Agricultura).

APOIO

O encontro entre Temer e Doria também teve cunho político. Os dois fecharam acordo entre seus partidos na capital paulista. O PMDB terá na próxima legislatura dois vereadores na Câmara de São Paulo. "[Esses vereadores] passarão a fazer parte da base aliada da gestão que faremos à frente da prefeitura", disse Doria.

O prefeito eleito confirmou para esta quinta-feira (27) o anúncio da primeira parte de seu secretariado. Ele disse também ter convidado José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, um dos maiores executivos de televisão no país, para ser secretário de Cultura de sua administração. Segundo Doria, Boni aguarda apenas autorização da mulher para aceitar o convite.

ALIADO DE PRIMEIRA ORDEM

Doria disse que o PSDB é um "aliado de primeira ordem" do governo de Michel Temer e defendeu a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece um teto para os gastos públicos. "Neste momento, este assunto está sendo discutido na Câmara Federal e nossa posição é a favor. Temos que ter apoio à PEC, considerando que a contenção da despesa pública é fundamental para estabilização econômica, (para) a retomada do crescimento", afirmou.