quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Taxa de desemprego sobe e chega a 11,8% no terceiro trimestre


Fila do desemprego só aumenta - Custódio Coimbra / Agência O Globo


Daiane Costa - O Globo


Pela 1ª vez desde 2013, população ocupada é inferior a 90 milhões; há 12 milhões de desocupados

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em setembro ficou em em 11,8%, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Mensal, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. Há um ano, o índice estava em 8,9%. No segundo trimestre de 2016, período que também serve como base de comparação, a taxa era de 11,3%. O total de pessoas sem emprego ficou em 12 milhões.

A taxa de desocupação estimada em 11,8% representa um crescimento de 0,5 ponto percentual em relação ao período de abril a junho deste ano (11,3%), que é usado como base de comparação. Frente ao mesmo trimestre móvel do ano anterior, julho a setembro de 2015, quando a taxa foi estimada em 8,9%, o quadro foi de elevação bem mais acentuada.

A população desocupada, de 12 milhões, cresceu 3,8% (mais 437 mil pessoas) em relação ao trimestre de abril a junho e subiu 33,9% (mais 3 milhões de pessoas) no confronto com igual trimestre de 2015.

Já a população ocupada foi estimada em 89,8 milhões de pessoas — redução de 1,1%, quando comparada com o trimestre de abril a junho de 2016 (menos 963 mil pessoas) e de 2,4% (menos 2,3 milhões de pessoas) em comparação a igual trimestre de 2015.

É a primeira vez desde o segundo trimestre de 2013 que a população ocupada é inferior a 90 milhões de pessoas. Na época, o país vivia o pleno emprego, lembra Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O número de empregados com carteira assinada foi de 34,1 milhões — queda de 0,9% frente ao trimestre de abril a junho de 2016 (menos 314 mil pessoas). Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a redução foi de 3,7% (menos 1,3 milhão de pessoas).


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O rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 2.015) cresceu 0,9% frente ao trimestre de abril a junho de 2016 (R$ 1.997) e caiu 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 2.059).

Azeredo ressalta que a alta no rendimento precisa ser analisada com cautela, pois dificilmente reflete uma melhora no mercado:

— O rendimento pode estar apresentando aumento em função da saída de trabalhadores de extrato de renda menor do mercado de trabalho. Consequência da queda continuada no emprego com carteira e os trabalhadores por conta própria, que têm dificuldades de se estabelecer por disporem de poucos recursos.

A massa de rendimento real habitualmente recebida pelas pessoas ocupadas em todos os trabalhos (R$ R$ 176,8 bilhões) não apresentou variação significativa em relação ao trimestre de abril a junho de 2016, e caiu 3,8% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.

CONTA PRÓPRIA EM QUEDA

Por posição na ocupação, na comparação com o trimestre encerrado em junho, também houve queda, de 4,7%, no número de trabalhadores por conta própria, que perdeu 1 milhão de pessoas. O grupo dos empregadores cresceu 10%, com a adição de 376 mil pessoas. Ficaram estáveis os empregados no setor privado sem carteira, os domésticos, os empregados no setor público e grupo de trabalhadores auxiliares.

Na comparação anual, encolheram os grupos de conta própria e auxiliares, 1,7% e 22%, respectivamente, além dos trabalhadores com carteira no setor privado (-3,7%). Ficaram estáveis nessa comparação os empregados no setor privado sem carteira, o trabalhador doméstico, o empregado no setor público e os empregadores.

Por grupamento de atividade, na comparação entre os trimestres do mesmo ano houve redução no grupo de trabalhadores da agricultura (-4,2%), construção (-3,7%), comércio (-1,8%) e serviços domésticos (-2,1%). Cresceu o grupo outros serviços (3,9%). Ficaram estáveis indústria, transporte e armazenagem, informação e comunicação e administração pública. Na passagem de um ano, encolheram os grupos dos trabalhadores de agricultura (-4,7%), indústria (-10%), comércio (-2,8%), informação e comunicação (-9.3%). Transporte e armazenagem, alojamento e alimentação e administração pública tiveram adição de mais 5,2%, 8% e 2%, respectivamente. Ficaram estáveis os grupos de construção, outros serviços e serviços domésticos
Ontem, o Ministério do Trabalho divulgou que foram cortados 39,28 mil postos com carteira assinada em setembro. Foi o 18° mês consecutivo de saldo negativo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No mesmo período de 2015, o resultado havia sido negativo em 96.802 postos. No acumulado do ano, o país já perdeu 1,6 milhão de empregos formais.