terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Cabral vira réu por corrupção, lavagem e formação de quadrilha. E Lula, o maior corrupto do Brasil? Ainda solto

Sérgio Cabral
Sérgio Cabral (Reprodução)

João Pedroso de Campos - Veja

Ex-governador do Rio está preso pela Operação Calicute. Além dele, outras doze pessoas também julgadas, entre elas a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo


O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal e colocou no banco dos réus o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e outras onze pessoas acusadas de participação no esquema de corrupção que teria desviado 224 milhões de reais de contratos públicos do estado. Preso pela Operação Calicute, desmembramento da Operação Lava Jato deflagrado em novembro, Cabral virou réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e pertinência a organização criminosa.

Além de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, que foi presa preventivamente hoje, viraram réus os ex-secretários estaduais Wilson Carlos (Governo) e Hudson Braga (Obras), os operadores financeiros Carlos Miranda, Carlos Bezerra, José Orlando Rabelo, Luiz Paulo Reis e Paulo Fernando Magalhães Pinto, os ex-assessores de Cabral Wagner Jordão e Pedro Ramos, e os empresários Carlos Jardim Borges, dono do resort Portobello, em Mangaratiba (RJ), e Luís Alexandre Igayara, dono da Rica Alimentos.
“Observo que o órgão ministerial expôs com clareza o fato criminoso e suas circunstâncias, fazendo constar a qualificação dos denunciados e a classificação dos crimes”, escreveu Bretas. Ao aceitar a denúncia, o juiz diz entender “estarem minimamente delineadas a autoria e a materialidade dos crimes que, em tese, teriam sido cometidos pelos acusados”.
Apontado pelo Ministério Público Federal como líder da organização criminosa, Sérgio Cabral é acusado 49 vezes pelo crime de corrupção passiva e 166 vezes por lavagem de dinheiro. Segundo ex-executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, cujas delações premiadas foram o ponto de partida das investigações da Calicute, o ex-governador do Rio cobrava em propina 5% dos valores das obras do governo do estado durante sua gestão.
Aos aliados de Cabral cabia 1% em propina sobre os contratos, valor batizado pelo ex-secretário Hudson Braga como “taxa de oxigênio”.
Conforme os delatores, Sérgio Cabral e seu grupo receberam propina na reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, o Arco Metropolitano no Rio e a urbanização de comunidades cariocas no PAC das Favelas, bancado por recursos do governo federal.
Os investigadores da Calicute acreditam que Cabral lavou o dinheiro recebido em propina de duas maneiras, sobretudo: a compra de joias em joalherias de luxo e o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.
Conforme revelou VEJA em agosto de 2013, concessionárias de serviços públicos contrataram a peso de ouro o escritório de “Riqueza”, apelido pelo qual Cabral chama a esposa. São os casos do Metrô Rio, que repassou 1,9 milhão de reais ao escritório, a CEG, que desembolsou 865.653 reais, a Oi/Telemar, que pagou 10,5 milhões de reais, e a Light, que fez pagamentos de 3,5 milhões de reais ao Ancelmo Advogados.
Na denúncia aceita por Marcelo Bretas, o Ministério Público Federal afirma que Cabral, Adriana Ancelmo e os operadores Carlos Miranda, Carlos Bezerra e Pedro Ramos “ocultaram e dissimularam a origem, natureza, localização, movimentação e disposição sobre valores de pelo menos R$ 6.562.270,00 com a aquisição de joias de altíssimo valor de mercado”.
O ex-governador era cliente assíduo de três das joalherias mais badaladas do Rio, como a H. Stern, que entregou à Polícia Federal notas fiscais de Cabral no valor de 1,3 milhão de reais, e a Antônio Bernardo, que enumerou 460 itens comprados pelo peemedebista, avaliados em 5,7 milhões de reais.