sábado, 25 de março de 2017

China, Chile e Egito reabrem mercados para importação de carne brasileira

Lu Aiko Otta - O Estado de S.Paulo

Com fim da suspensão chinesa, ministro acredita que Hong Kong também deve liberar a entrada da carga brasileira

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, confirmou há pouco ao Estado que a China reabriu o mercado para importação de carne brasileira. Ele avaliou que essa decisão é um ponto de inflexão na crise aberta após as revelações da operação Carne Fraca, da Polícia Federal.  
Também neste sábado, o ministro da Agricultura do Egito anunciou a retomada da importação de carne brasileira, mas ressaltou que os carregamentos de navios estarão sujeitos a inspeção tanto na saída quanto na chegada do país. Outro país a liberar a entrada dos alimentos hoje foi o Chile, que manteve a restrição apenas aos 21 frigoríficos investigados pela PF
Os desembaraços aduaneiros na China, que estavam suspensos,  serão retomados a partir da segunda-feira, com algumas restrições. Serão bloqueados os produtos fabricados na SIF350, planta da JBS localizada na Lapa, no Paraná. Além disso, também ficaram retidos os produtos que tiverem os certificados assinados por pessoas investigadas. "São sete fiscais que têm problema, e todas as cargas que eles assinaram estão suspensas. O resto está liberado", explicou.

14 perguntas e respostas sobre a Operação Carne Fraca

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Para Maggi, a liberação da China "era uma batalha importante" devido à influência sobre outro mercado. "Acho que Hong Kong, como é um entreposto, tem muito mercado com a China. Se a China nos liberou, não tem porque eles nos manterem suspensos. Foi importante por todo o trabalho que foi feito essa semana."
Agora, o próximo objetivo do governo é ir "atrás dos mercados que ainda não retomaram (a importação da carne brasileira)". 
Em nota asinada por Maggi, o ministério informou que a reabertura ao mercado brasileiro é um atestado categórico da solidez e qualidade do sistema sanitário brasileiro e da vitória da capacidade exportadora do País. "A China nunca fechou o mercado aos nossos produtos, mas apenas tomou medidas preventivas para que tivéssemos a oportunidade de oferecer todas as explicações necessárias e garantir a qualidade da nossa inspeção sanitária", disse o ministro. 
Confiabilidade do sistema. O presidente Michel Temer distribuiu nota oficial neste sábado, 25, para comentar a reabertura da China à carne brasileira. "A decisão do governo da China de reabrir o seu mercado à proteína animal produzida no Brasil é o reconhecimento da confiabilidade de nosso sistema de defesa agropecuária", disse o presidente, para quem, "o País construiu grande reputação internacional neste segmento".
Temer ainda avaliou que o posicionamento chinês confirma todo trabalho de esclarecimento "levado a termo" pelo governo brasileiro nestes últimos dias, após a deflagração da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que revelou esquema crimonoso de pagamento de propina e liberação irregular de licenças envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e frigoríficos.

"Agradecemos o gesto do governo do presidente Xi Jinping. Temos uma parceria que gerou muitos frutos e, com certeza, muitos ganhos ainda teremos com a sólida relação bilateral entre nossas nações", afirmou Temer na nota. "Estamos plenamente confiantes que outros países seguirão o exemplo da China", acrescentou./COLABOROU LUCI RIBEIRO