sexta-feira, 24 de março de 2017

Depoimentos de ex-executivos da Odebrecht ao TSE são vistos como ‘amostra grátis’ de delação

Painel - Folha de São Paulo


Amostra grátis Mesmo com a avaliação unânime de que os depoimentos de ex-executivos da Odebrecht ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fulminam a imagem de Dilma Rousseff e de Lula, nenhum rival do PT comemorou. Divulgadas nesta quinta (23), as falas foram lidas como simples petisco do que está por vir na colaboração firmada pelos 77 delatores da empreiteira com a Lava Jato. Esse material, sabem os políticos, não poupará quase nenhuma das cabeças estreladas da República.

Soma dos fatores Dirigentes do PT lembraram, após reconhecerem o impacto da fala de Marcelo Odebrecht sobre seus quadros, que a delação da empreiteira já estará nas ruas em meados de abril. Nesta data, Herman Benjamin, do TSE, deve apresentar seu voto no processo que pede a cassação da chapa Dilma /Temer.
Vai sacudir Ninguém deve descartar a possibilidade, dizem os petistas, de que a delação crie caldo grosso o suficiente para abalar o governo. No caldeirão, enxergam um punhado de desgaste para aliados e ministros de Temer salpicado pelo provável voto de Benjamin a favor da cassação da chapa no TSE.
Multiplicador Um aliado do presidente no Congresso reconhece que erra quem acha que há chance de circunscrever os estragos que serão feitos pelos delatores. O escândalo, diz, “cresce em progressão geométrica, enquanto o Parlamento pensa em progressão aritmética”.
Avante? O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, resumiu o impasse sobre o fim do foro. “Mais difícil do que matar o elefante é enterrar o cadáver. Ou seja, definir o que colocar no lugar após o fim do foro”, disse, em aula inaugural na UFMG.
Olha ele Barroso avalia que enviar casos de parlamentares à Justiça estadual pode até livrar o Supremo de um problema, mas não acabar com a impunidade. Ele manifesta simpatia pela tese da criação de uma vara especial de primeira instância para autoridades, “para evitar influência do poder local, que pode proteger ou perseguir”.
República paulista Recém empossado, Alexandre de Moraes começou a nomear sua equipe. Escolheu o promotor de Justiça César Morales, ex-vice-presidente da Febem, para ser seu juiz auxiliar da área penal no STF.
Próximo! Com a aprovação na Câmara da terceirização, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) deve centrar fogo na proposta que prega que acordos entre patrões e empregados se sobreponham à legislação trabalhista. A entidade discute esta e outras propostas com os presidentes da Câmara e do Senado na terça (28).
Guichê cheio Eunício Oliveira (PMDB-CE) surpreendeu servidores nesta quinta (23) ao comunicar que desligaria mais de 60 funcionários comissionados nomeados, alguns há quase dez anos, por seus antecessores na presidência do Senado.
Calma lá Integrantes da equipe do ex-prefeito Fernando Haddad se ressentiram das notícias de que ele deixou um rombo de R$ 7,5 bilhões no caixa de São Paulo para João Doria.
Dados Para contestar, elaboraram documento no qual afirmam que, em quatro anos, Haddad fez mais pelas finanças da capital do que o PSDB, de Doria, em seus 20 no governo do Estado. Dizem, por exemplo, que o petista melhorou a proporção da dívida em relação à receita, enquanto o quadro estadual piorou entre 2012 e 2016.