domingo, 5 de março de 2017

"Isenções fiscais para infraestrutura crescem no biênio", por Maria Cristina Frias

Folha de São Paulo



O número de concessões fiscais a projetos de infraestrutura aumentou nos dois últimos anos, que também foram os de queda do PIB.

O Reidi (regime tributário de incentivos para a infraestrutura) garante às empresas com obras de energia, transportes e saneamento a isenção de PIS e Cofins nos projetos em construção.

Para conseguir a habilitação, é preciso ter aprovação do órgão do setor (como Anatel) e, depois, na Receita. O regime foi implantado em 2007.

De início, o ritmo de concessões fiscais foi afetado pela possibilidade de multa às agências que não fiscalizassem as obras, diz Alexei Vivien, diretor-presidente da ABCE (entidade do setor de energia). A regra de penalizar órgãos foi alterada em 2013. "Tinha acúmulo de processos a serem analisados", afirma.

O traquejo para se cadastrar também cresceu, diz Mauricio Salin, tributarista do escritório Azevedo Sette.

"É complexo e trabalhoso. O mercado aprendeu a pedir e isso faz com que o número de concessões aumente."


Por fim, empresas terceirizadas entraram na Justiça para poderem usufruir das isenções, diz João Victor Guedes, sócio do L.O. Baptista.

"Pessoas jurídicas entraram com ações e os juízes deram ordens para que a Receita as coabilitassem."

A tendência é que, com a desaceleração de investimentos no setor, o número de habilitações caia, diz Paulo Machado, sócio da consultoria tributária JCMB.

"As empresas estão atentas a como isso vai acontecer nas concessões do PPI", afirma.
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Setor moveleiro prevê alta após nova queda nas vendas em 2016

Após dois anos seguidos com quedas nas vendas, o setor moveleiro prevê um princípio de retomada em 2017.

A projeção é de uma alta de 6,6% no faturamento, aponta a Abimóvel, que representa a indústria.

"Qualquer melhora ainda dependerá de mudanças concretas na economia", diz o presidente, Daniel Lutz.

"Nos últimos anos, houve receio em gastar com produtos que não fossem de primeira necessidade. Quem podia, postergou as compras."

A Saccaro apostou no setor corporativo e no mercado externo- onde deverá ter quatro novas lojas neste ano- para evitar perdas.

"Comemoramos bastante um aumento de 5% nas vendas que, há 3 ou 4 anos, causaria desespero", diz João Saccaro, diretor da empresa.

A Natuzzi também conseguiu crescer no país durante os anos ruins do setor.

"Há três anos, decidimos deixar o segmento mais popular do mercado", afirma Ottavio Millano, presidente do grupo italiano no Brasil.

"Trouxemos nossa linha de luxo, que tem menos concorrentes locais, e, em 2016, tivemos um aumento de 20% a 25% na receita."


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Os pássaros que aqui gorjeiam

Os maiores desafios para os bancos neste ano são a possibilidade de aumento de regulamentações e a competição com as fintechs (empresas de tecnologia financeira), segundo pesquisa global conduzida pela PwC.

A consultoria fez uma pesquisa com 200 diretores-executivos de instituições de 60 países diferentes.

As empresas brasileiras, no entanto, estão bem posicionadas para lidar com ambas as questões, segundo Álvaro Taiar, sócio da PwC.



"Os bancos no Brasil se adaptam melhor aos avanços tecnológicos que a média mundial", afirma.

Aqui, as mudanças de regulamentação já aconteceram na década de 1990, depois de uma das crises pelas quais o setor passou.

A interferência política que pode ser mais problemática para os brasileiros, afirma, é na interferência na definição do spread (diferença entre juro cobrado no empréstimo e pago na aplicação).

"A pressão aqui é mais política e tributária do que por regulamentação."


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Despesa corporativa

O Brasil está entre os destinos mais baratos nas Américas para viagens de negócios, de acordo com ranking da ECA International.

O Rio de Janeiro, cidade mais cara do país para turismo corporativo, está na 60ª posição entre os 80 locais avaliados, aponta a consultoria.

O gasto médio por dia na cidade, ao se considerar hotel quatro estrelas, refeições, táxi e outros gastos, é de US$ 332 (R$ 1.042).

Em Nova York, destino mais caro do continente, a despesa diária é de US$ 790 (R$ 2.481), em média.

O que mais encarece a viagem à cidade americana são os altos custos com hospedagem e as gorjetas de até 20% em refeições, segundo a ECA.


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Estrada do ferro A Vale recebeu autorização do Ibama para revitalizar uma estrada que liga a cidade de Carajás, no Pará, a um de seus complexos de mineração. Em dezembro, a empresa inaugurou a maior mina da região, a S11D.
Energia O consumo de eletricidade da indústria teve alta de 4,4% em janeiro. No setor de comércio e serviços, o resultado foi fraco, com crescimento de 0,3%, afetado pela redução de dias faturados em diversas distribuidoras.
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Hora do Café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATAIGOR UTSUMI e LUISA LEITE