domingo, 23 de abril de 2017

França: Macron derrotaria Le Pen com ampla margem no segundo turno, dizem pesquisas

O Globo


Montagem de fotos coloca lado a lado o centrista Emmanuel Macron e a líder de extrema direita Marine Le Pen Foto: ERIC FEFERBERG JOEL SAGET / AFP




PARIS — O candidato centrista Emmanuel Macron pode ser eleito presidente com dois terços dos votos no segundo turno das eleições francesas, segundo duas pesquisas feitas neste domingo. Macron já recebeu o apoio do socialista Benoît Hamon e do conservador François Fillon, membros dos dois partidos que eram as grandes forças opostas na política francesa. 

O atual presidente do país, François Hollande, pretende fazer um discurso contra a extrema-direita, de acordo com fontes próximas a ele. As pesquisas foram feitas depois dos resultados de boca de urna que indicaram que Macron e a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, irão ao segundo turno, no dia 7 de maio. 

Uma sondagem da Harris Interactive para a emissora "M6" constatou que 64% dos entrevistados votariam no ex-ministro de Economia, enquanto 36% votariam em Le Pen.

Enquanto isso, uma sondagem da Ipsos Sopra Steria para a France Televisions disse que Macron foi visto ganhando 62% dos votos contra 38% de Le Pen. 

O primeiro turno desta eleição presidencial foi o mais acirrado da história recente da França. Quatro candidatos chegaram neste domingo com chances reais de irem para o segundo turno, mas o resultado confirmou as últimas pesquisas de intenção de voto. — Hoje claramente estamos virando uma página da vida política francesa — disse Macron à agência AFP. 

— Os franceses expressaram seu desejo de renovação. 

EX-BANQUEIRO E EX-SOCIALISTA 

Há três anos, Emmanuel Macron era praticamente desconhecido. Agora, esse ex-banqueiro pode ser o presidente mais jovem da história da França, aos 39 anos. Esse homem de grandes ambições se distanciou do socialista e atual presidente, François Hollande, em agosto de 2016, após dois anos como seu ministro da Economia, para se concentrar na construção de seu próprio movimento "Em Marcha!". 

Em discursos, Macron diz não ser de direita nem de esquerda, ao defender ideias liberais que irritam seus pares socialistas e ao questionar os fundamentos de uma esquerda francesa ainda influenciada por uma visão marxista da economia, que vê com receio o mundo empresarial. Inspirado no modelo escandinavo, seu discurso seduz, sobretudo, os jovens dos centros urbanos e do mundo dos negócios em um país no qual a maioria da população já não confia nos partidos tradicionais. 

HERDEIRA DA EXTREMA-DIREITA 

Marine Le Pen, filha do líder histórico da extrema-direita francesa, chorou de alegria quando em 2002 seu pai provocou um terremoto político passando para o segundo turno presidencial. Agora ela repetiu a façanha. No entanto, se Jean-Marie Le Pen pensava que nunca se tornaria um chefe de Estado, sua carismática filha e herdeira política está convencida de que no próximo 7 de maio a França terá sua primeira presidente mulher. — A sobrevivência francesa está em jogo. Convido todos os patriotas a se juntarem — disse Le Pen em um comício, comemorando o "resultado histórico". 

— O resultado me põe em uma grande responsabilidade de defender a nação francesa, sua unidade, sua segurança, sua cultura, prosperidade e independência. A candidata da Frente Nacional (FN), de 48 anos, soube capitalizar a insatisfação dos franceses com o desemprego e a imigração, e aproveitar a onda nacionalista na Europa para se transformar em uma das favoritas ao segundo turno das eleições presidenciais, no próximo 7 de maio. 

Com um programa centrado no "patriotismo" e na "preferência nacional", Le Pen espera agora desmentir as pesquisas que preveem sua derrota no segundo turno. Promete, entre outras coisas, a suspensão dos acordos de livre circulação no interior da UE, a expulsão dos estrangeiros vigiados por radicalização e a supressão do "ius soli", a nacionalidade por direito de solo de nascimento. Emmanuel Macron Ex-ministro da Economia, o político de 39 anos concorre pelo partido que fundou, o Em Marcha!, baseado em políticas centristas. Ele se posiciona como liberal social e defende uma terceira via política. 

Usa as redes sociais na campanha para se mostrar como figura de forte contraponto aos demais candidatos num cenário dividido. Marine Le Pen Lidera a Frente Nacional (FN), maior força de extrema-direita francesa. Teve sua imunidade de eurodeputada suspensa e é investigada por publicar no fotografias de violência do Estado Islâmico. É suspeita de uso irregular de fundos do Parlamento Europeu. 

Com retórica agressiva, promete sair da zona do euro e cortar a imigração. François Fillon Premier no governo de Sarkozy, foi considerado o favorito para a Presidência, mas agora é investigado por denúncias de que teria dado empregos-fantasma a sua mulher e filhos. 

Candidato do principal partido de direita, Os Republicanos, adota plataformas conservadoras e promete tornar mais moderna a jornada de trabalho. Benoît Hamon Após vencer o favorito ex-premier Manuel Valls para a indicação do Partido Socialista, Hamon foi comparado ao senador americano Bernie Sanders. 

Membro da Assembleia Nacional e ex-ministro, ele adota plataformas consideradas radicais por alguns. Defende criação da renda mínima universal e a legalização da maconha. Jean-Luc Mélenchon Independente, o deputado europeu Mélenchon é um nome tradicional na extrema-esquerda francesa. O ex-ministro e ex-senador já se candidatou à Presidência, ficando no 4º lugar em 2012. 

Atualmente, lidera o movimento que fundou, França Insubmissa, e se baseia no aumento do salário mínimo e o fim da austeridade. Próxima Macron derrotaria Le Pen com ampla margem, dizem pesquisas