sexta-feira, 26 de maio de 2017

Construção civil tem alta em vendas e queda no nível de emprego, por Maria Cristina Frias

Edson Silva/Folhapress
RIBEIRAO PRETO, SP, BRASIL, 14-11-2014: Operários trabalham em construção civil em prédio da zona sul de Ribeirão Preto. O mês passado registrou o fechamento de 672 empregos nas dez cidades mais populosas da região. Em Ribeirão, o setor que registrou o pior desempenho foi o da construção civil. ( Foto: Edson Silva/Folhapress) ***REGIONAIS***EXCLUSIVO***
Prédio em construção no interior de São Paulo; emprego formal no setor caiu 14,2% de janeiro a abril
Folha de São Paulo


A construção civil apresenta dados de desempenho conflitantes: a venda de materiais cresceu 4,2% no primeiro trimestre em relação ao ano passado, mas o emprego formal no setor caiu 14% entre janeiro e abril.

As informações são do IBGE e do Ministério do Trabalho, compiladas pela Fiesp.
O emprego será o último indicador a melhorar, segundo Andrea Bandeira, consultora do setor da entidade.

"Os encargos trabalhistas são pesados, e o empresário precisa ter segurança para voltar a contratar. Só haverá redução da taxa de desemprego mais para frente."



Já a alta do material de construção se explica por três fatores: o começo do ano passado foi excepcionalmente baixo, teve menos dias úteis e, em março deste ano, começaram os primeiros saques das contas inativas do FGTS.

Há também uma volatilidade ligada aos estoques, diz José Carlos Martins, presidente da Cbic (câmara que reúne associações do setor).

"O desempenho de materiais de construção varia de acordo com o caixa das empresas, com os preços e outros movimentos que interferem no indicador", afirma.

A previsão da Abramat (que representa os fabricantes) é que, com a crise no governo Temer, a recuperação do segmento será ainda mais lenta.

"Projetamos queda de 4,5% no primeiro semestre e retomada no segundo, com o resultado igual ao de 2017. Não revisamos ainda, mas poderemos fazê-lo", diz Walter Cover, presidente da entidade.

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CRAs, papéis que financiam a agricultura, têm alta em 2017

O estoque de CRAs (certificados de recebíveis do agronegócio) ultrapassou R$ 20 bilhões, mais que o dobro do valor no ano passado, quando eram R$ 9 bilhões.

Os títulos de renda fixa são emitidos por empresas da cadeia do agronegócio, e as pessoas físicas que os detêm não pagam Imposto de Renda em cima dos rendimentos.

Os dados são da B3 (empresa resultante da fusão de BM&Bovespa e Cetip).

Os lançamentos indicam que há intenção de investir por parte das empresas, já que elas emitem o papel quando têm algum projeto que pretendem viabilizar, segundo Fábio Zenaro, superintendente de produtos da B3.

"A tendência era de crescimento, mas com a crise política da semana passada, poderá haver incerteza."

A diminuição da taxa básica de juros impulsionou a demanda, pois a isenção de imposto torna-se um atrativo mais importante, diz Chow Juei, gestor de recursos da corretora Spinelli.

"Os investidores se sentiram seguros, porque esse título tem baixa liquidez."


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Nada a comemorar

A venda de vinhos e espumantes nacionais caiu 14,2% entre janeiro e abril deste ano, em relação a igual período de 2016, aponta o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho).

A retração desacelerou em abril, o que foi visto como sinal de retomada —até o primeiro trimestre, a queda, em litros, era de ao menos 20%.

Após o tombo de 57% na safra da uva em 2016, a colheita deste ano deverá, no mínimo, dobrar. Os preços, porém, não necessariamente vão cair, diz o diretor-executivo da entidade, Carlos Paviani.

"O valor mínimo da uva subiu 18% neste ano, para compensar o resultado ruim de 2016, mas cada empresa tem sua estratégia de preços."

As vinícolas nacionais representam cerca de 60% do consumo do país.


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Mudança biológica

O ritmo de aprovação de estudos clínicos no Brasil não deverá ser ameaçado com a crise política do governo federal, diz Mauro Loch, diretor-executivo da biofarmacêutica Amgen no país.

O processo se tornou mais célere no último ano, segundo o empresário. O prazo médio atual trabalhado pela companhia é de 18 a 24 meses.

A Amgen prevê um aporte de R$ 40 milhões no Brasil em 2018 —mesmo valor orçado para 2017.

"Hoje são 12 estudos clínicos em andamento e 5 em fase de aprovação. Esse aporte muda apenas quando há pesquisas novas, o que só deverá acontecer no fim de 2018."

US$ 5,46 BILHÕES
(R$ 17,89 bilhões) foi o faturamento global da Amgen no 1º trimestre

350
é o número aproximado de funcionários no Brasil

20 mil
são os empregados em todo o mundo

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Menos... Após três meses de crescimento, o número de fabricantes de materiais de construção que pretendem fazer investimentos nos próximos 12 meses caiu em maio, segundo a Abramat.

...ânimo Cerca de 48% descartam fazer qualquer tipo de aporte. Em abril, essa porcentagem era de 46%. A perspectiva é que o indicador do próximo mês seja ainda pior, diz o presidente Walter Cover.
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Hora do Café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI