sábado, 27 de maio de 2017

Pérsio Arida sai do BTG e decide vender ações

Mônica Scaramuzzo - O Estado de S.Paulo


Um dos idealizadores do Plano Real, economista 

havia deixado presidência do conselho do banco 

em 2016; agora, vai se dedicar a 'projetos intelectuais'



Persio Arida, um dos sócios do BTG Pactual, anunciou ontem sua saída do banco. O economista vai vender sua participação acionária no banco ao longo dos próximos meses para se dedicar a “projetos intelectuais”, conforme informou o BTG em comunicado ao mercado.
Estado apurou que Arida enviou na sexta-feira, 26, carta aos funcionários do banco informando a decisão. Fontes a par do assunto afirmaram que Arida já tinha interesse de deixar a instituição no fim de 2014, mas os planos foram adiados. 
Persio Arida (janeiro de 1995 a junho de 1995)
O destino do economista é a cidade de Oxford, no Reino Unido. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Em novembro de 2015, o economista teve de assumir o comando da instituição após a prisão de André Esteves, fundador do BTG – que foi acusado, à época, de tentar obstruir investigações da Operação Lava Jato.
O banqueiro foi solto menos de um mês mais tarde, mas Arida permaneceu como presidente do conselho de administração e foi um dos responsáveis – ao lado de outros sócios, como Marcelo Kalim, Roberto Sallouti e Guilherme Paes – por vender ativos não estratégicos da instituição. A missão era evitar que o banco de investimentos sucumbisse à crise de confiança após a prisão de seu fundador.
Em novembro de 2016, Arida, 65 anos, saiu da presidência do conselho de administração do banco e passou a ser apenas membro do colegiado, deixando o dia dos negócios aos poucos.
Agora, deixa a instituição de vez. Arida viajará para Oxford, na Inglaterra, onde vai se dedicar a projetos intelectuais.
Desgaste. A volta de Esteves ao dia a dia do banco, em abril do ano passado, mesmo sem poder exercer funções executivas, teria gerado desgaste com Arida, segundo fontes de mercado. Pessoas familiarizadas com o banco negam desentendimentos entre os dois.
Com bom trânsito no governo, sobretudo na gestão de Fernando Henrique Cardoso, Arida foi um dos idealizadores do Plano Real e comandou instituições, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Central (BC).
Fontes ligadas a Arida negam que o economista passará a fazer parte do governo, após a crise gerada pelas delações dos controladores do JBS.