quinta-feira, 27 de julho de 2017

Bendine e o operador André Gustavo destruíam mensagens a cada 4 minutos, diz Lava Jato

Julia Affonso e Fausto Macedo - O Estado de São Paulo



Força-tarefa da operação afirma que ex-presidente

da Petrobras e cupincha, presos nesta 

quinta-feira, 27, queriam evitar 

interceptação da comunicação entre eles




O Ministério Público Federal afirma que o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás Aldemir Bendine e seu suposto operador André Gustavo Vieira da Silva, presos pela Operação Lava Jato nesta quinta-feira, 27, ‘para evitar eventuais interceptações das comunicações entre eles, utilizavam o aplicativo Wickr e, após as conversas que travavam, destruíam as mensagens a cada 30 minutos’. Segundo a força-tarefa da operação, em alguns casos, as mensagens eram destruídas ‘a cada 4 minutos para evitar a utilização como prova de ilícitos praticados’.
“O aplicativo Wickr permite a troca de mensagens instantâneas entre contatos por meio de sistema de criptografia ponta-a-ponta, com a possibilidade de destruição de todas as mensagens recebidas e lidas pelos interlocutores após um período pré-determinado”, afirma a Lava Jato. “De se ver ser rotineira a utilização do aplicativo Wickr por Aldemir Bendine com intuito de efetuar conversas ilícitas e rápida destruição de provas.”
Aldemir Bendine e operadores financeiros são suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobrás. Segundo o Ministério Público Federal, na véspera de assumir a presidência da estatal, em 6 de fevereiro de 2015, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros solicitaram propina aos executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, da Odebrecht. O pedido teria sido feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobrás e em relação às consequências da Lava Jato.
A força-tarefa destacou, no pedido de prisão do ex-presidente da Petrobrás ao juiz federal Sérgio Moro, que ‘por algum tipo de descuido’, Bendine fez quatro prints de conversas mantidas com André Gustavo no aplicativo. ‘Entre os ‘prints’ foi localizada uma mensagem que ser refere ao endereço do operador em Brasília.
“O referido endereço foi utilizado no contexto desta investigação para encontros nos quais foram acertadas as vantagens indevidas destinadas a Aldemir Bendine, como revelados pelos colaboradores a Fernando Reis e Marcelo Odebrecht”, diz a Lava Jato.

Documento

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“Em um destes encontros realizados às sombras estiveram presentes Aldemir Bendine e Marcelo Odebrecht para acertar valores da propina. Em outro “print” do aplicativo Wickr, André Gustavo compartilha com Aldemir Bendine nomes relacionados a pessoas próximas ao operador financeiro Lucio Funaro.”
“Em um destes encontros realizados às sombras estiveram presentes Aldemir Bendine e Marcelo Odebrecht para acertar valores da propina. Em outro “print” do aplicativo Wickr, André Gustavo compartilha com Aldemir Bendine nomes relacionados a pessoas próximas ao operador financeiro Lucio Funaro.”
Funaro foi capturado na Operação Sépsis em 1º de julho do ano passado e está preso desde então. Ele negocia delação premiada.