sexta-feira, 14 de julho de 2017

Na melhor semana do ano, Bolsa acumula alta de 8,2% e dólar cai a R$ 3,18


  - Sanjit Das / Bloomberg

Rennan Setti - O Globo


O dólar comercial caiu abaixo de R$ 3,20 nesta sexta-feira, reagindo a dados sobre inflação e atividade econômica nos Estados Unidos. A divisa americana recuou 0,74%, encerrando cotada a R$ 3,186 na venda. Esse é o menor valor desde os R$ 3,134 do fechamento do dia 17 de maio, antes de o site do GLOBO revelar o conteúdo da delação dos executivos da JBS e suas acusações contra o presidente Michel Temer. Na mínima, a divisa chegou a valer R$ 3,181. Na B3 (antiga Bovespa), o índice de referência Ibovespa subiu pelo quinto pregão consecutivo, avançando 0,39%, aos 65.436 pontos.

Na semana, a Bolsa avançou 8,24%, melhor resultado semanal em um ano, desde o fim de junho de 2016. Já o dólar recuou 3,01% no período, maior queda no ano. A melhor semana do ano para os ativos foi motivada por um conjunto de fatores. Lá fora, pesou a valorização das commodities e os sinais de que o aperto de juros nos EUA será mais lento do que o imaginado antes. Internamente, houve a aprovação da reforma trabalhista e a condenação do ex-presidente Lula e a possível consequência eleitoral da sentença em 2018, além da vitória de Temer na CCJ.

Em escala global, o dólar caiu 0,68% nesta sexta-feiracontra uma cesta de dez moedas, segundo o índice Dollar Spot da Bloomberg. A desvalorização é ainda mais intensa frente a divisas de países emergentes ou exportadores de commodities, como África do Sul, Austrália, Rússia, Colômbia, Turquia e o próprio Brasil.

A razão para a queda do dólar é a inflação nos EUA. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Trabalho, o índice de preços ao consumidor se manteve inalterado em junho, enquanto os analistas esperavam uma alta de 0,1%. A inflação acumulada nos últimos 12 meses até junho foi de 1,6%, contra expectativa de 1,7%. O número reforça a reserva que a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) demonstrou essa semana quanto ao comportamento dos preços. Como a inflação está abaixo da meta do Fed, os investidores preveem que o BC americano vai ser mais cauteloso no aumento de juros que vem promovendo, o enfraquece o dólar.

— O pano de fundo é desfavorável para o dólar após comentários de cautela vindos dos BCs europeus e de autoridades do Fed. Há uma cautela quanto ao aperto da política monetária. Os dados divulgados hoje nos EUA reforçam isso, tanto os de inflação como os de vendas no varejo, que caíram 0,2% enquanto os economistas esperavam uma alta - afirmou Cleber Alessie, operador de câmbio da H. Commcor. — Internamente, a aprovação da reforma trabalhista trouxe algum otimismo embora seja alga pontual, já que não resolve o problema fiscal.

Na agenda doméstica, o destaque é o IBC-Br, índice de atividade econômica do Banco Central que é interpretado como uma prévia do PIB. Na contramão das expectativas e de alguns sinais de recuperação do país, a economia brasileira encolheu 0,51%, em maio, nas contas do BC. Essa é a maior queda desde agosto do ano passado e o pior desempenho do IBC-Br para meses de maio desde 2015.

A frustração das expectativas fez com que os investidores passassem a acreditar na necessidade de uma redução maior de juros no país. Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 cai de 8,72% para 8,68%. O que vence em 2019 caiu de 8,65% para 8,60%.

Entre as ações, da Vale avançou 1,17% (ON) e 1,39% (PNA). Na Petrobras, as ON subiram 0,52%, enquanto as PN avançaram 1,4%. O Banco do Brasil avançou 1,07%, o Bradesco teve alta de 0,10%.