quarta-feira, 26 de julho de 2017

"Propostas de concessões privadas crescem, mas política trava avanço", por Maria Cristina Frias

Pétala Lopes/Folhapress
 Sao Paulo, BRA - Brazil. Pontos de iluminação que a Prefeitura instalou na rua Salvador Gianetti. Foto: Pétala Lopes/ Folhapress, REVISTA) *EXCLUSIVO NUCLEO DE REVISTAS. NÃO UTILIZAR SEM ANTES CONSULTAR A EDITORIA". - criticidade; iluminação
Folha de São Paulo


As propostas de concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas) cresceram na primeira metade de 2017, mas a troca de gestões municipais e o cenário político ruim travaram o avanço dos projetos.

No primeiro semestre, houve alta de 15% do número de PMIs (fase inicial de uma PPP, em que o governo convoca empresas a fazerem estudos de viabilidade), segundo dados da consultoria Radar PPP.

Além disso, o BNDES lançou editais para que empresas desenhem projetos de concessões em saneamento.

O número de consultas públicas (etapa anterior à abertura da licitação), porém, caiu no início deste ano, após uma disparada em 2016.

"Sem dúvida, a troca de prefeitos fez com que planos fossem paralisados em 2017, além de terem impulsionado PMIs no último ano de gestão", diz Leonardo de Souza, sócio do Azevedo Sette.

As propostas dos novos prefeitos devem chegar à fase de consulta pública a partir do segundo semestre, avalia Charles Schramm, da KPMG.

Há também um clima político ruim para o lançamento de projetos, afirma Guilherme Naves, sócio do Radar PPP. "As novas gestões podem querer esperar um fato novo para tomar iniciativa."

O maior avanço deverá ocorrer em 2018, com a maturação dos PMIs e a injeção de recursos prometidos pelo governo federal, diz Schramm.

Com a crise fiscal, projetos de concessão e privatização tendem a ter mais sucesso que PPPs, que exigem contrapartida financeira dos governos, avalia José Virgílio Enei, sócio do Machado Meyer.
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Clube de compras São Paulo

Com a perda de sócios, os clubes de lazer em São Paulo tiveram de cortar gastos e devem passar a fazer compras coletivas para economizar, segundo o Sindi-Clube, que reúne 1.300 instituições.

"Em outras épocas, havia fila para entrar nos clubes, agora temos títulos em carteira", afirma Paulo Movizzo, presidente da associação e vice-presidente do Club Athletico Paulistano.

O clube retraiu entre 1% e 2% durante a crise, diz ele. "A situação é mais grave no interior do Estado."

No Esporte Clube Pinheiros, outra instituição antiga da capital, a adesão de sócios não caiu, mas houve um "ligeiro aumento na inadimplência", segundo o diretor Mario Gasparini.

Além disso, cresceu a frequência ao clube, o que pressiona os gastos com manutenção -15% do total.

Além do corte de funcionários, uma das medidas adotadas neste ano foram as compras coletivas via pregão eletrônico -o primeiro, de materiais para piscinas, economizou 23%, diz Movizzo.

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Falta um polimento

O setor de acessórios pessoais está desacelerado no Brasil, com crescimento no consumo de 1,8% de 2015 para 2016, diz a Euromonitor.

Ainda assim, o segmento de joias cresceu 4,3% no ano. As marcas Morana, com 14,8% de aumento em vendas, e Pandora, com 40%, tiveram as maiores variações.

"A indústria de joias passou a comunicar os preços, trazer a ideia de que o produto é acessível à população", diz Alexis Frick, gerente de pesquisa da consultoria. "Muitos apostaram em uma linha de produtos de prata."

A Pandora se encaixa na última categoria. "A seleção em que investimos, de berloques e braceletes, era latente no mercado brasileiro, que possui muito potencial", afirma Fabiana Guerra de Melo, diretora de marketing da companhia no país.

No Brasil, o crescimento dos acessórios esperado em 2017 é de 2,2%. As vendas de relógios, que caíram 6,8% em 2016, devem encerrar este ano com uma queda de 0,6%.

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Deflação eletrônica

O comércio eletrônico brasileiro teve em junho, pela quarta vez consecutiva, deflação no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o Provar/FIA (Programa de Administração do Varejo).

A retração foi puxada por segmentos que tiveram quedas mais acentuadas, como telefonia e celulares, com deflação de 11,01% no período, e perfumes e cosméticos, com variação negativa de 9,7%.

"Nos setores em que é mais difícil postergar as compras, como medicamentos, por exemplo, houve baixa até abril, mas depois notamos uma leve recuperação", afirma o executivo.

Na comparação de junho com maio, houve queda de 1,07% nos preços do e-commerce, aponta o Provar/FIA.

O IPCA, índice oficial da inflação, registrou deflação de 0,23% em junho, em relação ao mês anterior, e alta de 3% no acumulado dos 12 meses.

A tendência até o fim do ano é que as vendas no e-commerce tenham ganho real de 0,4% a 0,5%, diz Felisoni, e o processo de deflação deverá se encerrar até dezembro.

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Ambiente gelado

O grupo gaúcho Infoar, que reúne empresas de varejo e indústria, investiu R$ 30 milhões com uma aquisição e novas linhas de negócios.

Parte do aporte serviu para a empresa adquirir a fornecedora de suportes de aparelhos de ar-condicionado, segundo a sócia Eloana Tonello.

Outro montante foi destinado a uma nova câmara fria, pois o grupo se prepara para lançar um negócio de refrigeração comercial. Ela ainda investiu em um site. 

"O dinheiro é próprio, não procuramos financiamento", diz Tonello.
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Mundo real A maioria (58%) dos internautas brasileiros prefere fazer compras em lojas físicas, aponta um levantamento da Atento. Na web, eles fazem mais pesquisas.

Dicas A fintech Allgoo recebeu aporte de R$ 1,5 milhão de quatro fundos para desenvolver um programa para bancos ofertarem serviços específicos a diferentes clientes.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATAIGOR UTSUMI e NATÁLIA PORTINARI