Arthur Guimarães, RJTV
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, foi condenado nesta
quarta-feira (20) por crimes investigados pela Operação
Calicute, um dos desdobramentos da Lava Jato. Cabral foi
condenado a 45 anos e 2 meses de reclusão, além de multa,
por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertencimento
a organização criminosa.
Segundo denúncia da Operação calicute, o esquema desviava
verbas do contratos do governo do RJ com empreiteiras. Além
de Cabral, a sentença do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara
Federal Criminal também condena outras 11 pessoas por
participação no esquema. A esposa de Cabral, Adriana Ancelmo,
foi sentenciada a 18 anos e 3 meses de prisão.
Na sentença, Cabral é descrito como "idealizador do gigante
esquema criminoso institucionalizado no âmbito do Governo
do Estado do Rio de Janeiro, era o chefe da organização,
cabendo-lhe essencialmente solicitar propina às empreiteiras
que desejavam contratar com o Estado do Rio de Janeiro, em
especial a Andrade Gutierrez, e dirigir os demais membros da
organização no sentido de promover a lavagem do dinheiro ilícito".
"Assim é que Sérgio Cabral solicitou a Rogério Nora, presidente
da Andrade Gutierraz, o pagamento de propina, para que a
que referida empreiteira fosse admitida a contratar com o Estado
do Rio de Janeiro, em reunião realizada no início de 2007, na
casa do ex-governador, solicitação essa que foi reforçada em
outra reunião, dessa vez realizada no Palácio Guanabara. Ato
contínuo, promoveu a lavagem do dinheiro espúrio angariado,
de diferentes formas, valendo-se dos demais réus, inclusive de
Adriana Ancelmo, sua companheira de vida e de práticas
criminosas", acrescenta o juiz no documento.
Advogado de Cabral, Rodrigo Rocca, afirmou que a sentença é
uma "violência contra o Estado democrático de Direito":
"A sentença é uma violência contra o Estado democrático de
direito e só reforça a arguição de suspeição que nós já fizemos
contra o juiz que a prolatou. A condenação do ex-governador
Sérgio Cabral pelo juiz Marcelo Bretas já era esperada, todo
mundo sabia disso, e tanto sabia disso que nós já vínhamos
preparando recurso de apelação para os órgãos de jurisdição
superior, onde os ânimos são outros e a verdade tem mais chance de sobrevivência."
Primeira condenação no Rio
É a segunda condenação de Cabral. Ele também foi condenado
pelo juiz Sérgio Moro – responsável pelos processos da
Operação Lava Jato em primeira instância. Na ocasião, a Justiça
considerou que ele recebeu propina das empresas Andrade
Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão. Segundo a Procuradoria,
a verba foi desviada do contrato de terraplanagem nas obras do
Comperj.