terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Ata do Copom indica novo corte de juros e vê risco de inflação subir sem as reformas

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 12, informa que, ao debaterem os próximos passos com relação a alterações na taxa Selic, os membros do colegiado chegaram a um consenso em manter a liberdade de ação do comitê, mas sinalizando que o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária.
Na semana passada, a instituição cortou a Selic (a taxa básica de juros) em 0,50 ponto porcentual, de 7,50% para 7,00% ao ano. Foi a décima redução consecutiva da taxa, para o menor patamar da história.




Há possibilidade, ainda, para mais um corte em fevereiro, a primeira reunião do Copom de 2018 
Foto: Beto Nociti/Banco Central
Segundo a ata, o Copom concluiu ser apropriado sinalizar que, caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico avaliado pelo comitê, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização na próxima reunião parece adequada sob a perspectiva atual.
"Mas avaliaram que cabia advertir que essa visão é mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas reuniões anteriores", ressaltou o documento.
O Copom avaliou que, por um lado, diversas medidas de inflação subjacente estão em níveis confortáveis ou baixos - inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária.
Por outro lado, os membros do colegiado refletiram sobre o risco de a atual conjuntura inflacionária ser interrompida por uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, em particular em um contexto de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.



Recuperação da economia.  Na ata do encontro da semana passada, os membros do colegiado afirmam que a economia segue em trajetória de recuperação gradual. Eles destacam também os avanços no emprego mesmo nessa fase inicial do processo de retomada da atividade.
"Essa conjuntura tem produzido elevação das projeções de crescimento para o ano corrente e para 2018, consistente com diagnóstico de que a retomada mostra-se mais consolidada", destacou o Copom.
Os membros do colegiado repetiram a visão de que, em decorrência dos níveis atuais de ociosidade na economia, revisões marginais na intensidade da recuperação não levariam a revisões materiais na trajetória esperada para a inflação.
Já sobre o cenário internacional, o Copom repetiu integralmente a avaliação do documento anterior, ao reiterar que a economia global tem evolução favorável, com recuperação gradual da atividade, sem que isso venha pressionando em demasia as condições financeiras nas economias avançadas.