segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

"Ignorância", por Miranda Sá

   “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez consciente” (Martin Luther King)
Machado de Assis conta no seu livro “Balas de Estalo” uma anorância"por Miranda Sáedota vivida pelo Barão de Drummond (ele gravou com dois “m”) e o Coronel Gordilho. Este último foi motivo de chacota porque, interpretando mal uma ordem superior, prendeu o maçom Luís Prates acusado de participação no movimento revolucionário de 1817 que estourou no Nordeste.
Tempos depois interpretando o fato, o Barão assim se referiu: “O autor da prisão (de Luís Prates) foi o Gordilho que depois, “por merecimento da sua ignorância”, se tornou Marquês de Jacarepaguá e senador do Império.
Machado chamou a expressão “por merecimento da sua ignorância” uma “bala de estalo” – um artefato que riscando na caixa de fósforo estoura, e que usei muito quando eu era menino na época de São João. A frase, por exprimir o julgamento negativo de uma premiação é realmente um estalo.
Triste é que a ignorância entre os poderosos imperiais atravessou os anos e chegou à República na esfarrapada Democracia que vivemos. Ninguém “ignora” a palavra
Ignorância; é um substantivo feminino dicionarizado como falta de saber, de conhecimentos; a característica de quem não tem informação ou não está a par do que se passa à sua volta.
O povão na sua inteligência ampliou o conceito de ignorância para boçalidade, estupidez, grosseria e rudeza. Num dos meus últimos artigos fui criticado por citar como exemplos da decadência cultural no Brasil a intelectualidade eleita pela mídia, e a composição da Academia Brasileira de Letras e do Supremo Tribunal Federal.
Respondo à crítica através deste artigo que é lido por milhares de seguidores no Twitter e no Facebook. Julgo com a sabedoria dos antigos gregos que nos legou uma lição do grande Aristóteles: “o ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”; isto basta para reafirmarmos minha menção aos “novos intelectuais”, “novos imortais” e novos “ministros togados”.
Como a “ignorância e a arrogância são duas irmãs inseparáveis, com um só corpo e alma” no dizer de Giordano Bruno, nós as encontramos como uma atração fatal dos fascistóides lulopetistas.
Haveria um exemplo maior de ignorante do que o pelego Lula da Silva, embora driblando a opinião pública com a astúcia e os ardis de pelego escolado na política sindical? E que, através dele, também tivemos na Presidência “por merecimento da sua ignorância” Dilma Rousseff, que foi defenestrada do cargo, mas continua a divulgar – sem o menor acanhamento – o seu besteirol de “work alcholic”.
Consideramos, também, a estupidez da fração populacional brasileira que se revela cega e faz ouvidos moucos às revelações sobre Lula e Dilma. Chega a 30% da população, incluindo pessoas que ocupam posições de relevo social.
Registram-se artistas, jornalistas, professores e até escritores, assumindo a ignorância ao defender o lulopetismo como se fora socialismo, e confundindo o narcopopulismo como finado stalinismo. Desconfia-se que é por interesse. Fala-se que é mercenarismo. Seja como for, fingidores ou não, travestem-se de ignorantes.
Dizem, também, que muitos destes surfistas da ignorância política o fazem por vaidade, repetindo como papagaios as palavras-de-ordem dos chefetes partidários para atrair holofotes.
Esta versão me agrada, por que os psicólogos dizem que a ignorância está sempre pronta a admirar-se a si própria, e parece ser o diagnóstico correto para os seguidores do Partidos dos Trabalhadores e suas linhas auxiliares…