terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Com 340 votos favoráveis e 72 votos da organização criminosa do Lula contra, Câmara aprova intervenção federal no Rio



Plenário da Câmara dos Deputados para votação do decreto de intervenção federal do estado do Rio de Janeiro - Ailton de Freitas / Agência O Globo

Maria Lima e Manoel Ventura, O Globo



A Câmara dos Deputados aprovou o decreto do presidente Michel Temer que institui a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. A medida foi aprovada com 340 a favor e 72 contrários. Houve uma abstenção.


Esse decreto de intervenção foi o primeiro a ser analisado pela Câmara na vigência da atual Constituição, que é de 1988. O texto foi encaminhado ao Congresso Nacional na última sexta-feira, quando Temer decidiu decretar a medida.Agora, o texto será encaminhado para o Senado, que já deve analisar o tema na noite desta terça-feira. A sessão da Câmara durou mais de sete horas. Começou às 19h desta segunda-feira e entrou pela madrugada, por conta da obstrução de deputados da oposição, principalmente do PT, do PSOL e do PCdoB. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi ao plenário da Câmara defender a medida.
O decreto foi relatado pela deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ). Ele concordou com a intervenção, mas propôs a Temer que os militares que atuem no estado tenham poder de polícia. Essa medida é uma tentativa de evitar que estes militares sejam julgados pela Justiça comum e não pela Justiça Militar, caso cometam alguma irregularidade durante ações.

A relatora também quer que o governo garanta recursos para as ações policiais e para a assistência social neste ano. Ela sugere ainda que o Orçamento de 2019 preveja recursos para a manutenção das ações no próximo ano. As considerações da deputada foram feitas porque a Câmara entendeu que um decreto de intervenção não pode ser modificado pelo Congresso, cabendo aos parlamentares apenas aprová-lo ou rejeitá-lo.

— É evidente que sem o aporte significativo de recursos federais a intervenção federal não atingirá minimamente os seus objetivos — disse a deputada.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) abriu as votações com um discurso forte, aplaudido pela maioria do plenário, no qual defendeu a intervenção e disse ainda que o governo de Luiz Fernando Pezão sucumbiu à desordem.

— O governo do Rio de Janeiro sucumbiu à desordem. Torna-se urgente, inadiável, fazer prevalecer a ordem. Levar de volta a paz de espírito do Rio de Janeiro e de todo o país — disse.

A sessão extraordinária começou com quórum baixo e obstrução da oposição. Líderes do PSOL, PDT e PCdoB se reuniram com Maia e tentaram convencê-lo a adiar a votação, sem sucesso.

— O governo tomou uma decisão de supetão. Não consultou nem a maioria de seus próprios ministros, não ouviu nenhum segmento da sociedade para intervir no Rio de Janeiro, que, reconheço, está sem comando há muito tempo — disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Durante o andamento da sessão, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido do PSOL para suspender a votação do decreto. O ministro não concordou com os argumentos do partido, que questionava o que considera a falta de justificativa para a medida; a ausência de consulta aos Conselhos da República e de Defesa Nacional; e o fato do Conselho da República não estar com sua formação completa no momento da edição do decreto.