segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Empreiteiro diz que entregou orçamento da obra de Atibaia a assessor de Lula, corrupto condenado a mais de 12 anos no xilindró


O ex-presidente Lula ao participar de evento e missa de um ano da morte da ex-primeira dama Marisa Leticia, em São Bernardo do Campo - NELSON ALMEIDA / AFP


Gustavo Schmitt, O Globo


O empreiteiro Carlos Rodrigues Pradro disse ao juiz Sergio Moro que entregou um orçamento da obra do sítio de Atibaia a Aurélio Pimentel, então assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2010. Prado foi ouvido como testemunha em audiência, na tarde desta segunda-feira, em processo da Operação Lava-Jato que atribui a propriedade do imóvel a Lula.


Segundo o empresário, Aurélio nem sequer pediu desconto dos R$ 163 mil para a conclusão dos trabalhos que envolveram a construção de uma guarita e intervenções num galpão do sítio. Ele afirmou que os valores foram pagos pelo então assessor da presidência da república em espécie e dividos em quatro vezes.

— Ele (Aurélio) concordou com o orçamento e nem pediu desconto. Não teve discussão. Do tipo, 'ah, isso aqui tá muito caro. Ou, pode fazer isso mais barato' - disse Prado, ressaltando que havia pressa para que os trabalhos no sítio fossem concluídos.

AURÉLIO PEDIU NOTA FISCAL EM NOME DE BITTAR

Prado relatou que foi contratado pelo engenheiro da Odebrecht, Frederico Barbosa, para trabalhar no sítio em dezembro de 2009. Disse ainda que após a conclusão dos trabalhos, Emyr Costa, diretor da Odebrecht, o procurou e pediu a emissão de uma nota fiscal.

O empreiteiro contou que Aurélio passou por telefone os dados de Fernando Bittar (empresário que é o dono do terreno, segundo consta no registro de imóveis) para a emissão dos documentos.

— O Aurélio ligou dizendo que estava com os dados da pessoa para que eu emitisse a nota fiscal. Depois disso, mandou um ofice boy com os dados do Fernando (Bittar) - relatou Prado.

O empreiteiro negou que tivesse conhecimento de que o sítio pertencia ao ex-presidente Lula e nem mesmo a Fernando Bittar. Ele contou que achava que o dono do imóvel fosse algum diretor ou presidente da Odebrecht, já que sabia que os funcionários da empresa trabalhavam na reforma.

Esse é o terceiro processo em que o ex-presidente é réu na Lava-Jato em Curitiba. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Odebrecht, OAS e Schahin gastaram cerca de R$ 1 milhão nas reformas da propriedade. A ação penal ainda está em fase de instrução — momento em que o juiz ouve testemunhas de defesa e de acusação.

O ex-presidente Lula nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política.