A Copa do Mundo na Rússia será mais um capítulo da duradoura discussão Messi x Cristiano Ronaldo, duelo que, desde 2008, parece estimular essa dupla na luta pela excelência no futebol. No basquete, LeBron James teve antagonistas contemporâneos, mas nenhum foi capaz de percorrer tantos anos no ponto mais alto a seu lado. Enquanto vê seus antagonistas se renovarem, o craque dos Cleveland Cavaliers escreve a história a cada partida, como tem feito nos playoffs da NBA.
Na última terça-feira, comandou o seu time na vitória por 111 a 102 sobre os Boston Celtics, em casa. Foram 44 pontos de "papai Lebrão" - como diz o narrador Rômulo Mendonça, da ESPN. Apesar de brilhante, a atuação não chegou a causar nenhuma surpresa. Ser espetacular é padrão do craque que ultrapassou os 40 pontos em seis das 15 partidas do mata-mata desta temporada. Sua média é de incríveis 34,4 pontos.
Série viva
Com o último triunfo, os Cavaliers empataram em 2 a 2 a final da Conferência Leste. Depois de perderem os dois primeiros jogos, LeBron e companhia garantiram, ao menos, que a série (em melhor de sete partidas) retornará à Cleveland. Mesmo se vencerem o jogo desta quinta-feira, às 21h30m de Brasília (ESPN transmite), em casa, os Celtics precisarão superar o melhor jogador do basquete atuando em sua casa no Jogo 6 e/ou superá-lo em um Jogo 7, ainda que em Boston.
Se superar mais este desafio, LeBron chegará à oitava final seguida da NBA. O mais impressionante é a forma como isso poderia acontecer. Nesta temporada, o craque conviveu com uma franquia em ebulição. Tudo começou com a saída do armador Kyrie Irving, também um dos melhores da liga, passou por questionamentos sobre o treinador Tyronn Lue, bate-boca entre atletas no vestiário e uma reformulação confusa no prazo final para transferências. Saíram seis jogadores e entraram quatro, mas nenhum dele para ser protagonista.
Andando em quadra, como Messi
LeBron faz tudo isso com 15 anos de NBA nas costas e média de 38,8 minutos em seus 1.375 jogos na carreira. Para entender como o craque segue espetacular, é preciso mais uma vez recorrer a Lionel Messi. Um levantamento do jornal espanhol "El Periódico" mostrou que o argentino caminhou por 83% do Superclássico de dezembro passado entre Barcelona e Real Madrid. Dos 8 quilômetros percorridos pelo camisa 10 só 92 metros foram em arrancadas. Ah... ele fez um gol na vitória por 3 a 0, na casa do rival.
É mais ou menos isso que LeBron está fazendo no Cleveland. De acordo com levantamento realizado pela Second Spectrum, ele tem média de 6,2 km/hnesta temporada. O craque está entre os 10 mais lentos jogadores que atuaram ao menos 20 minutos por partida. Nos playoffs, seus números caíram ainda mais: 5,9 km/h. Quando os Cavaliers jogam, não é incomum ver LeBron desistir de participar de jogadas defensivas ou até ofensivas. Dosar é parte do segredo do craque.
Sem tanto apoio
Neste mata-mata, LeBron não encontra craques ao seu lado. Apenas mediamos, o ala Kyler Korver e o armador George Hill tentam desafogar a pressão. Maior reboteiro do time, é Kevin Love quem dá a maior contribuição, mas suas atuações nem sempre são constantes. O ala-armador JR Smith e o pivô Tristan Thompson são capazes de fazer boas partidas... e sumir na seguinte. Não é incomum o time sofrer um brusca queda quando LeBron senta no banco para descansar.
No Jogo 4 contra os Celtics, LeBron bateu o recorde de Kareen Abdul-Jabbarcom o maior número de cestas em playoffs. Agora, soma 2.368 arremessos certeiros, 12 a mais do que o pivô que atuou pelos Lakers nos anos 70 e 80. Ele é também o maior pontuador do mata-mata, com 6.668 pontos (681 a mais do que Michael Jordan). É o sétimo maior reboteiro (2.052), a apenas 10 de ultrapassar Karl Malone. E o terceiro com mais assistências (1.624).
Essas são só algumas das marcas do "Rei James", como gosta de ser chamado. Este reinado ainda parece longe do fim. Se Messi tem como maior antagonista Cristiano Ronaldo, LeBron só encontra rivais nos livros de história.
